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Daniel Lopez

Daniel Lopez

Jornalista e teólogo, autor de ‘Manual de Sobrevivência do Conservador no Séc. XXI’. É doutor em linguística pela UFF

Geopolítica explosiva

Pagers explodindo e o início de uma nova fase na guerra

Ambulância atende feridos após incidente envolvendo dispositivos sem fio de membros do Hezbollah em Dahieh, Beirute, sul do Líbano (Foto: EFE/EPA/WAEL HAMZEH)

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No livro O Retorno do Primitivo: a revolução antiindustrial, Ayn Rand comenta sobre a proposta da “nova esquerda” que, durante os anos 60, pregava o abandono da tecnologia e a desindustrialização como maneira de vencer o capitalismo. Ela explicou que uma nação pode decidir se desindustrializar. Porém, será facilmente dominada por seu vizinho industrializado.

Talvez fosse exatamente essa a ideia da pregação de filósofos da Escola de Frankfurt: desindustrializar os EUA para torná-lo  uma presa fácil para o oponente soviético. A proposta não vingou na época, mas está sendo bem sucedida hoje. A mudança da matriz energética europeia e a popularização do ESG e do Novo Acordo Verde são nada menos do que isso. E está dando muito certo. Se chama “Grande Reset”.

Habitantes de Tel Aviv e de Beirute se preparam para um confronto direito, que pode fazer o conflito no Oriente tomar proporções perigosas. Talvez esse seja o plano

Aproveitando: muitos sobrevivencialistas conservadores tem essa visão de abandono da tecnologia e de retorno ao primitivo. Mas isso também é uma cilada que pode colocá-los em situação muito vulnerável. Apenas uma dica.

A mesma cilada está em voga agora no Oriente Médio. Percebendo que Israel estava utilizando o WhatsApp e os celulares dos seus opoentes para encontrar sua localização e destruí-los com drones, muitos grupos islâmicos entenderam que a melhor coisa a se fazer seria abandonar a tecnologia de ponta e “retornar ao primitivo”. Mais uma vez não deu certo.

Membros do Hezbollah abandonaram os celulares e passarem a usar principalmente pagers e walkie-talkies. Mas, como você deve estar sabendo, nesta semana milhares de pessoas ficaram feridas devido a explosões desses aparelhos. Foi neste ponto que muitos começaram a se perguntar: como foi possível Israel explodir esses equipamentos?

Há duas teorias em questão. A primeira defende que Israel se antecipou e construiu empresas de fachada para vender para seus inimigos os equipamentos contendo explosivos. A operação teria sido feita por meio de duas empresas. A húngara B.A.C Consulting, que estabeleceu um contrato com uma indústria taiwanesa chamada Gold Apollo, que seriam controladas pela inteligência israelense.

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Segundo se acredita, eles fabricaram pagers cujas baterias continham explosivos do tipo PETN. O problema é que, temendo a tecnologia israelense que permitiria hackear os celulares, o líder do Hezbollah ordenou que todos os membros passassem a portar os pagers permanentemente, para que pudessem se comunicar em caso de guerra.

A segunda teoria acredita que Israel conseguiu um meio de aquecer os aparelhos ao ponto de fazê-los explodir, assim como algumas vezes acontece com celulares e notebooks.

Hoje, no Líbano, as pessoas estão com medo de utilizar seus celulares. Talvez seja esse um dos objetivos. O problema é que muitos civis, incluindo crianças, foram feridos, o que está gerando uma comoção internacional contra o ato. É possível que essa indignação seja o objetivo final. Atuando como agente provocador, seria estimulada uma reposta mais agressiva do Hezbollah, o que justificaria uma ofensiva direta contra o grupo. Hoje, habitantes de Tel Aviv e de Beirute se preparam para um confronto direito, que pode fazer o conflito no Oriente tomar proporções perigosas. Talvez esse seja o plano. Espero estar errado.

Conteúdo editado por: Jocelaine Santos

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