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Daniel Lopez

Daniel Lopez

Jornalista e teólogo, autor de ‘Manual de Sobrevivência do Conservador no Séc. XXI’. É doutor em linguística pela UFF

Geopolítica onírica

Pesadelo: A Guerra na Ucrânia e o Grande Reset

A crise na Ucrânia está abrindo caminho para a realização do sonho de Klaus Schwab: o Grande Reset (Foto: Reprodução internet)

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Não se engane: Grande Reset é socialismo. Ao contrário do que muitos pensam, socialismo não é distribuição de renda e de poder. É exatamente o contrário. É um enorme processo de concentração de renda e de poder. Concentração significa controle. E o controle só funciona quando se elimina a independência e a autonomia. Em última instância, só há controle onde há dependência. E qual é um dos maiores instrumentos de sujeição que existem? A dependência financeira. Imagine a esposa que tem um marido violento. Por que ela não se separa? Em muitos casos, porque depende financeiramente dele. É semelhante ao enteado que diz: “meu padrasto é um carrasco, mas ele paga a minha faculdade”. Por mais estranho que possa parecer, é exatamente esse sistema de dependência que está sendo construído por meio da triste guerra que se desenrola na Europa.

Está em curso um processo de grande mudança na relação entre governos e indivíduos. Exemplificarei como isso funciona por meio da interação entre patrão e empregado. O que acontece com um funcionário que passa a reclamar da empresa e do patrão? Ele provavelmente será demitido. Por isso, mesmo não gostando da companhia onde trabalha ou das atitudes de seu chefe, ele não reclama e engole seco, uma vez que depende daquele salário. Não possui independência, não há autonomia. Se o patrão disser: “Quero você aqui todos os dias às 6h da manhã”, e o funcionário chegar às 7h, o que acontece? Provavelmente será demitido. Conclusão: dependência gera obediência.

Mas, e se o funcionário reclamar do patrão de forma velada, anônima? Ele poderia demonstrar sua insatisfação sem ser descoberto. Nas relações entre o sujeito e o governo, esse anonimato é permitido por meio da internet. É por essa razão que tanto se fala em regulamentar as mídias sociais. O objetivo é: impedir a autonomia e impor o controle. Hoje, na relação do indivíduo com o Estado, além das redes sociais, isso é viabilizado por meio do dinheiro em espécie, uma vez que seu uso impede que o “sistema” consiga rastrear tudo o que o cidadão está fazendo com seus recursos. Neste cenário, para restaurar o controle, seria necessário retirar de circulação a moeda em espécie.

Como isso seria possível? Impedindo o uso do dinheiro? Não, a imposição nunca é uma forma eficiente de controle. O domínio mais eficaz ocorre quando o sistema consegue fazer o indivíduo amar o patrão, amar o governo, amar o “Grande Irmão”. Se o sujeito dominado amar o dominador, então o controle estará plenamente instalado, e firmado em bases sólidas. Mas como o sujeito poderia ser levado a amar seu dominador? O caminho para tanto envolve um misto de messianismo e Síndrome de Estocolmo. O dominador coloca o dominado (sem ele saber) numa situação muito difícil. “A empresa está em dificuldade (mentira), por isso, teremos que mandar muitas pessoas embora. Mas eu escolhi vocês para serem poupados. Vocês foram salvos”, diz o dominador. Então, o sujeito pensa: “Meu patrão é muito bondoso, ele gosta de mim. Me ajudou. Me salvou. Por isso, farei tudo o que ele pedir. Inclusive porque, se eu não fizer, ele pode decidir me dispensar, como fez com os outros que não trabalhavam contentes”. É possível que uma dinâmica muito semelhante esteja sendo implementada hoje diante de nossos olhos. A guerra está viabilizando um aumento inimaginável dos instrumentos de dependência, dominação e controle.

O dinheiro físico não será retirado de circulação por uma imposição, mas como solução para um problema. Para isso, eles precisam convencer o mundo que dinheiro físico é sinônimo de práticas ilícitas. “Ah, mas aí todo mundo poderia passar a utilizar as criptomoedas”, diriam alguns. Sim. É isso mesmo que está em curso agora. Muitos analistas dizem que uma das soluções da Rússia para driblar sua retirada do sistema Swift (que viabiliza as transações financeiras internacionais) seria passar a operar por meio das moedas digitais. É por isso que o sistema está empenhado em convencer a todos que, assim como o dinheiro físico, as criptomoeadas também são instrumentos para realizar práticas ilícitas, e também um perigo para o meio ambiente, uma vez que os supercomputadores empregados na mineração de criptomoedas possuem um enorme consumo de energia. Esse é o argumento.

Com o avanço de Putin sobre a Ucrânia, o mundo ganhou uma justificativa para retirar Moscou do Swift. O problema é que o Swift é uma via de mão dupla. Se você corta o fluxo financeiro daqui para lá, também o interrompe de lá para cá. Por isso, segundo o economista Jim Rickards, isso pode gerar uma enorme crise de liquidez. Qual seria a solução? As moedas digitais? Sim, mas não as descentralizadas. Está sendo colocada como a grande solução para o mundo as moedas digitais centralizadas, as famosas CBDCs (Central Bank Digital Currencies – ou Moedas Digitais Emitida por Banco Central). Tudo caminhando em direção à dependência e ao controle. Um sistema de propaganda global muito bem instalado.

O mundo inteiro começou a se preparar para isso há muito tempo. A crise sanitária trouxe a primeira dependência: falência generalizada, demissões em massa e dependência do auxílio estatal. E, junto com ela, a proposta de uma “renda básica universal”. Multidões dependentes do Estado. Em seguida, virá o monitoramento total com as CBDCs, impedindo o anonimato. “Você não terá nada, mas será feliz”. Lembra?

A decisão de Putin ajudou o mundo a ter uma desculpa para colocar o planeta numa crise financeira e de liquidez. Agora, o controle total poderá ser implementado. Adeus independência, adeus autonomia, adeus livre pensamento. E quem pisar fora da linha não receberá a ração diária.

Então acordei. Descobri que tudo não passou de um pesadelo. Fui ler o noticiário e vi que estava tudo bem. Era tudo coisa da minha cabeça...

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