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Soldados israelenses a bordo de um veículo militar patrulhando uma rua em Sderot, perto da fronteira com a Faixa de Gaza, sul de Israel
Soldados israelenses a bordo de um veículo militar patrulhando uma rua em Sderot, perto da fronteira com a Faixa de Gaza, sul de Israel| Foto: EFE/EPA/HANNIBAL HANSCHKE

Estamos diante do jogo mais perigoso do mundo. São dois projetos que precisam de um alinhamento muito sensível de dados para o plano funcionar. A Operação Al-Aqsa (a inominável ação do Hamas no último dia 7) e a Operação Sukkot (a resposta de Israel) navegam em cima de uma estrada muito sinuosa e sensível. No artigo de hoje mostrarei para vocês como o mundo está diante de uma tempestade perfeita, cuja chance de dar errado é enorme.

A Operação Al-Aqsa parte do princípio que a ação do dia 7 funcionaria como uma estratégia de “agente provocador”. O objetivo era fazer algo inominável para levar Israel a responder de forma irracional e desproporcional, gerando baixas civis abundantes. Assim, a próxima etapa seria mostrar ao mundo a morte de inocentes em hospitais, mesquitas e escolas, demonizando Tel Aviv e criando um posicionamento da opinião pública internacional contrariamente a Israel. Além disso, unir o tão dividido mundo muçulmano em um único propósito: defender os palestinos e a causa árabe. Isso, seguindo aquele velho princípio: “Quem é inimigo do meu inimigo é meu amigo”.

É um jogo tenso e delicado, em que a batalha de propaganda talvez irá desempenhar um papel mais importante do que a guerra convencional.

Porém, este plano tem uma fragilidade muito grande. Israel não respondeu de forma imediata e irracional. Eles entenderam a arapuca e estudaram muito bem a situação antes de decidir entrar por terra em Gaza. Eles esperaram a chegada de um maior contingente norte-americano, iniciaram um processo de evacuação do norte de Gaza (onde estão a maioria dos túneis do Hamas) e também a ofensiva do dia 7 permitiu que Benjamin Netanyahu pudesse unir a oposição em torno de um projeto comum na reposta ao Hamas. Além disso, apesar de a mídia tradicional seguir uma linha comum de um posicionamento contrário a Israel, parece que a ideia de que a opinião pública internacional ficaria majoritariamente contra Tel Aviv acabou não se cumprindo. Assim, o Hamas fica sob o risco de obter o efeito reverso: uma pressão internacional contrária a eles, levando a sua possível extinção.

Do lado israelense o dilema é diferente. Após os fatos do dia 7, eles ficaram numa posição conhecida no xadrez como Zugzwang, que acontece quando um jogador está num impasse. Ele acaba sendo obrigado a fazer um movimento e todas as opções de ação são desfavoráveis. Ou seja, é uma obrigação de se movimentar que inevitavelmente irá piorar sua situação. No caso em questão, se Israel não fizesse nada, seria um enorme sinal de fraqueza para o mundo, e encorajaria seus demais inimigos (que são muitos) a também se levantarem contra eles. Por outro lado, respondendo à afronta do Hamas, a cilada fica montada: toda e qualquer baixa civil na Faixa de Gaza é magnificada nas mídias para demonizar Israel.

Neste momento, parece que o pêndulo está mais ao lado do projeto israelense. Porém, está havendo um grande movimento de unidade no mundo islâmico, que pode trazer para o jogo não apenas o Hezbollah, o Iêmen, o Iraque e o Irã. Este seria o cenário mais tenso, uma vez que transformaria um conflito local em uma batalha de proporções regionais, que pode rapidamente evoluir para uma guerra de proporções globais.

É um jogo tenso e delicado, em que a batalha de propaganda talvez irá desempenhar um papel mais importante do que a guerra convencional. Qual projeto você acha que irá prevalecer? Deixe sua resposta nos comentários.

Conteúdo editado por:Jocelaine Santos
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