Com mais uma tragédia provocada, a crise alimentícia global vai sendo construída| Foto: AFP
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Você pode não ter percebido, mas há uma direta relação entre o que aconteceu no Sri Lanka e o que está ocorrendo com os holandeses. Em ambos os casos, uma elite que cultua o Grande Reset e venera o Green New Deal atuou para proibir o uso de fertilizantes e frear a produção agrícola. Tudo isso em nome de uma suposta defesa do meio ambiente. Eles estão preparando o terreno para que o mundo não tenha uma alternativa a não ser consumir carne sintética e degustar insetos. Antes, era um mero delírios de alguns excêntricos. Hoje transformou-se numa luta real pelo direito de produzir e consumir comida.

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Nunca uma grande reforma é realizada sem antes ser testada. O que está acontecendo hoje no Sri Lanka e na Holanda representa um teste de aplicação desse novo modelo, em que “você não terá nada, mas será feliz”. Você deve imaginar que, nesses países, havia um uso excessivo de fertilizantes. Mas não é o caso. No livro “Apocalypse Never: por que o alarmismo ambiental prejudica a todos”, Michael Shellenberger mostra que os holandeses não aumentaram sua utilização de fertilizantes nos últimos 60 anos. Talvez o que mais incomode o “sistema” é que a Holanda é um verdadeiro caso de sucesso agrícola, o que vai de encontro aos planos “amistosos” do Fórum Econômico Mundial para o mundo em 2030. Comida de sobra traz abundância, conforto, autonomia e meios de ação. Isso, porém, não condiz com o desejo neofeudal dos controladores do mundo.

Nos anos 1960, o Sri Lanka realizou a chamada “Revolução Verde”, quando concretizaram a substituição de fertilizantes biológicos, como o esterco, para outros de natureza química. Isso gerou um aumento expressivo na produção agrícola, trazendo prosperidade e volumosos investimentos estrangeiros. Entretanto, a vitória incomodou os tiranos do clima. Até que, em 2021, com a influência de ninguém menos que o Fórum Econômico Mundial, os poderosos do Sri Lanka conseguiram proibir o uso de fertilizantes, o que contribuiu fortemente para o caos que o país vive hoje.

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Quem convenceu o presidente do Sri Lanka a implementar a “brilhante” (estou sendo irônico) ideia de banir os fertilizantes foi Vandana Shiva, a filósofa ecofeminista indiana que tem sido promovida durante décadas por famosos ambientalistas mundo afora. Como era de se esperar, a filósofa não considera que tenha culpa no caos instaurado. Ela defendeu recentemente que o problema no país tem uma origem antiga, que não pode ser atribuída aos últimos seis meses de banimento dos fertilizantes químicos. A solução proposta por ela é muito curiosa. Ela sugere que a solução está em seguir o exemplo de Cuba, com sua política de agricultura orgânica. Incrível, não?

Um fio de esperança, todavia, surge no mundo, quando fazendeiros e cidadãos comuns começam a se levantar contra loucuras desses que Michael Shellenberger chama de “elitistas malthusianos anti-humanos e pró-escassez”. Conhecer esses planos e criticá-los se transformou numa questão existencial, não apenas para holandeses e cingaleses, mas para a humanidade como um todo.

Veja que os “celeiros” do mundo estão sendo diariamente comprometidos. Primeiro foi a Ucrânia. Depois a Holanda. Meu receio é que, quando esse discurso doce porém destrutivo da luta contra a produção de comida chegar de fato ao Brasil, o povo ainda não esteja preparado para contestá-lo.