Ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant.| Foto: EFE/EPA/YANNIS KOLESIDIS
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Você não faz ideia do nível de tensão que o mundo está vivendo nesta estranha semana em que tivemos eclipse, teste do CERN (depois de dois anos parado) e experimento da NASA. No dia primeiro de abril, a força aérea israelense destruiu um consulado iraniano na capital síria, naquele que foi o primeiro ataque de Israel contra um edifício governamental do Irã. A ofensiva acabou tirando a vida de sete integrantes da Guarda Revolucionária Iraniana. Teerã prometeu vingança. Porém, muitos acreditavam que eles esperariam o fim do Ramadã, o período em que os muçulmanos se dedicam ao jejum e orações. O mês especial do calendário islâmico terminou na noite da última terça-feira. Por isso, Israel encontra-se agora em alerta máximo, aguardando uma ofensiva iraniana.

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A situação ficou mais tensa nesta quinta-feira, com a expectativa da chegada a Israel do chefe do Comando Central dos EUA, o general Michael Kurilla. O objetivo da visita é reunir-se com o ministro da Defesa israelense, Yoav Gallant, assim como a outros oficiais para auxiliar na defesa de Tel Aviv contra esse possível “ataque sem precedentes”. As estimativas preveem que o Irã poderá utilizar mísseis balísticos, drones e mísseis de cruzeiro. Caso esse cenário se confirme, representantes israelenses já afirmaram que a resposta envolverá um ataque direto contra o Irã, que eventualmente também contaria com a coordenação do general americano Kurilla.

Parece que realmente o mês de abril será um divisor de águas para a geopolítica internacional.

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Você tem noção das consequências de um ataque direto de Israel contra o Irã? Estamos falando de fatos de proporções bíblicas. Talvez aconteça a entrada da Síria, Líbano, Iêmen, Iraque e Irã unidos contra Tel Aviv. O que não descarta um envolvimento posterior de Rússia, China e Coreia do Norte. Muito complicado isso.

A situação ficou estranha quando foi publicado pelo perfil no X da agência de notícias iraniana Mehr que o ministro da Defesa de Teerã estava fechando o espaço aéreo sobre a capital. O objetivo seriam exercícios militares e testes de novos equipamentos bélicos. O problema é que, logo em seguida, a agência apagou a postagem e, numa nova publicação, negou que houvesse publicado tais notícias. Tudo muito estranho.

Para tornar o clima ainda mais tenso, na quarta-feira (10) uma ofensiva israelense na Faixa de Gaza matou três filhos e três netos de Ismail Haniyeh, o líder do Hamas, que vive em Doha, no Catar. Segundo um porta-voz israelense, os filhos de Haniyeh faziam parte do grupo terrorista.

Ao mesmo tempo, ontem, na Alemanha, o general Christopher Cavoli – comandante supremo aliado da OTAN e chefe do Comando Europeu dos EUA – realizou um discurso bastante preocupante. Ele ressaltou que, ao contrário do que aconteceu durante a Guerra Fria, os EUA e a Rússia não possuem mais uma linha direta de comunicação, aquele famoso “telefone vermelho”, que não era um telefone e não era vermelho. O general sugeriu que a linha de contato fosse recriada, com o fim de evitar uma guerra nuclear. Ele ressaltou que, pela maneira como as coisas estão, a chance de um dos lados interpretar mal as intenções do outro é enorme. E isso poderia levar a um conflito catastrófico com base num engano. O problema é que reestabelecer esse tipo de comunicação no meio de uma “guerra quente” acontecendo na Ucrânia é algo muito complicado de realizar.

O general evidenciou também que os principais mecanismo de dissuasão contra uma guerra nuclear simplesmente não existem mais. Havia uma mútua compreensão nas comunicações entre EUA e a União Soviética, o que evitava problemas de interpretação. Além disso, vários dos tratados nucleares, acordos de inspeção e outros mecanismo de combate a uma crise atômica foram completamente abandonados.

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Tudo isso, junto às ofensivas de drones contra usinas nucleares russas, às constantes ameaças da OTAN contra Moscou (insistindo novamente na entrada da Ucrânia na aliança ocidental), ao atentando ao Crocus City Hall, à destruição do consulado iraniano em Damasco e à expectativa de uma resposta “sem precedentes” do Irã contra Israel, está criando um nível de tensão como há muito não se via.

Parece que realmente o mês de abril será um divisor de águas para a geopolítica internacional. Aguardemos.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]