Trump quer assumir o controle de Gaza; mas o Irã vai permitir?
| Foto: WILL OLIVER/EPA/EFE
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Trump retornou ao poder a mil por hora. Isso é o que acontece quando você tem não apenas um, mas dois workaholics gerindo o país mais poderoso do mundo. E não estou me referindo a JD Vance, mas ao verdadeiro vice-presidente dos EUA: Elon Musk. O apoio a Trump deve ter sido o maior investimento de sua carteira.

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Ele investiu 277 milhões de dólares na campanha de  Trump, mas já lucrou bilhões. No meio de toda a correria, a primeira coletiva de imprensa do novo governo, realizada no último dia 21, foi muito elucidativa sobre o que devemos esperar. Reunindo três dos empresários mais poderosos do mundo, Trump anunciou o mais ousado projeto de inteligência artificial da história, conforme relatei em artigo recente.

Agora, o primeiro convidado que Trump recebeu na Casa Branca também foi muito elucidativo sobre o que está por vir. Ao lado do primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu, o presidente dos EUA anunciou literalmente que os Estados Unidos irão assumir o controle da Faixa de Gaza. Eu não sei se você consegue entender o tamanho das repercussões disso. É um fato sem precedentes, que deixou jornalistas e estudiosos do Oriente Médio completamente estupefatos, principalmente pela maneira como a novidade foi apresentada ao público.

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A pergunta que surge agora é: quais serão as repercussões disso? Como o Hamas irá responder? O que os sírios dirão? Qual será a reação da Turquia, dos libaneses (com o Hezbollah), dos Houthis no Iêmen e, principalmente, dos chefes de todos eles, a saber, o Irã? No caso dos libaneses, o anúncio chega num momento definidor, uma vez que o cessar-fogo entre Israel e o Hezbollah termina no próximo dia 9. Será este o motivo de uma intensificação dos conflitos no Oriente Médio? Seria esta decisão americana capaz de unir os países árabes numa ofensiva sem precedentes contra Israel? Espero que não. Vamos aguardar.

Quem se lembra dos eventos que se seguiram ao ataque de 11 de setembro de 2001, em Nova York, sabe que dali surgiu um plano para derrubar 7 países em 5 anos. O projeto sigiloso da Casa Branca foi revelado em 2003 pelo general Wesley Clark, quando este se lançou candidato à Casa Branca.

Apesar da promessa de paz trazida por Trump, estou com receio de que um novo e devastador conflito se aproxime

As revelações davam conta de que o plano envolvia mudar o regime dos seguintes países: Iraque, Síria, Líbano, Líbia, Somália, Sudão e finamente o Irã. Escrevi um artigo sobre este tópico algum tempo atrás, chamado “Tudo pronto para a Nova Ordem Mundial. E o culpado será o Irã”. Em 2001, os Estados Unidos invadiram o Afeganistão e derrubaram o regime Talibã. Em 2003, Saddam Hussein foi capturado pelos EUA. E assim começou a chamada “Guerra ao Terror”.

Hoje já temos informações suficientes para entender que a própria Primavera Árabe, que começou no início dos anos 2010, teve um dedo da CIA (e também da USAID) em sua organização.

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Os protestos começaram na Tunísia e se espalharam para a Líbia, o Egito, o lêmen, a Síria e Bahrein. Porém, apenas foram derrubados os líderes da Tunísia (Zine Ben Ali, 2011), da Líbia (Mianmar Gaddafi, 2011), do Egito (Hosni Mubarak, 2011) e do Iêmen (Ali Salleh, 2012). Em 2013, quase tivemos uma 3ª Guerra Mundial quando Obama insistiu na derrubada do governo sírio de Bashar al-Assad.

A família Assad estava no poder desde 1971, quando Hafez al-Assad assumiu o comando do país. Ele permaneceu no posto de presidente até o ano de sua morte, em 2000, quando foi sucedido por seu filho Bashar al-Assad. Os EUA fizeram várias tentativas de derrubá-lo. Porém, contando com o apoio da Rússia, ele permaneceu no poder até o final do ano passado, após 24 anos no poder. Parece que Putin o deixou na mão desta vez.

O anúncio do presidente Trump inaugura, portando, mais uma fase nesta “Guerra Contra o Terror 2.0”. Meu receio é que a nova ideia de os EUA assumirem o controle de Gaza possa abrir caminho para a conclusão do plano revelado por Wesley Clark no início dos anos 2000, cujo objetivo final era derrubar o regime iraniano dos aiatolás.

Apesar da promessa de paz trazida por Trump, estou com receio de que um novo e devastador conflito se aproxime. Espero estar errado.