Banimento do TikTok nos EUA: após aprovação na Câmara, projeto segue oara análise do Senado| Foto: EFE/ Roman Pilipey/arquivo
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Uma batalha está sendo travada neste momento no Congresso americano. Uma briga que pode definir o destino de uma das maiores redes sociais do mundo. Mas não apenas isso. A definição traz a possibilidade de uma mudança para as demais empresas de mídias sociais. Isso tudo, num ano de disputa pela Casa Branca, ganha uma repercussão ainda maior, uma vez que está em jogo o fluxo de informação, principalmente em meio aos jovens de até 30 anos, uma fatia disputada a dedo pelos candidatos.

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Continuando uma briga iniciada por Donald Trump, a Câmara dos EUA acabou de aprovar um projeto de lei que exige que a proprietária do TikTok, a ByteDance, venda a empresa ou seja expulsa dos EUA. O argumento oficial seria que a empresa, sediada na China, estaria coletando dados de quase 200 milhões de usuários norte-americanos. Outros defendem que a real motivação seria o fato de o governo dos EUA não ter ingerência sobre os conteúdos que são veiculados na plataforma, e isso traria preocupações em ano de disputa pela Casa Branca. O principal proponente do projeto, o deputado Mike Gallagher, chegou a revelar uma das maiores motivações para a ideia: o fato de o TikTok ter se tornando a principal fonte de notícias para americanos com menos de 30 anos.

Trump é oposição, e o TikTok acaba trazendo informações que, por um lado, são depreciativas da gestão Biden, o que acaba favorecendo o ex-presidente.

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Cabe lembrar que o projeto ainda precisa de aprovação no Senado e, finalmente, da assinatura de Joe Biden. Portanto, nada ainda está definido. A grande novidade foi a mudança de postura de Donald Trump. Em 2020, ele tentou aprovar o banimento do TikTok. Agora, porém, está se posicionando contrariamente ao projeto. Por que será? Devemos lembrar que, no primeiro caso, Trump estava no poder, e a disputa fazia parte de sua estratégia de guerra comercial contra o TikTok. Além disso, na plataforma, também circulavam conteúdos ao qual ele não tinha nenhuma ingerência, uma vez que a empresa é sediada na China. Agora, o cenário é completamente diferente. Hoje, Trump é oposição, e o TikTok acaba trazendo informações que, por um lado, são depreciativas da gestão Biden, o que acaba favorecendo o ex-presidente. Aqui talvez esteja sua maior motivação para criticar hoje o banimento da rede social.

Muitos acreditam que, caso o projeto seja aprovado no Senado e receba aprovação de Biden, outras plataformas chinesas podem ser afetadas, como é o caso do WeChat, conhecido como o “WhatsApp dos chineses”. Porém, outros analistas acreditam que uma eventual aprovação final da proposta possa dar a Biden maior controle sobre o fluxo de informação nas demais redes sociais que operam nos Estados Unidos. Isso poderia abrir o caminho para que o X (antigo Twitter) também ficasse sob uma ingerência maior da atual gestão. Biden tem criticado Elon Musk e a rede X por não controlar os conteúdos em sua plataforma. Por outro lado, Musk tem feito pesadas críticas contra Biden, dizendo que ele está “importando” pessoas para os EUA para reforçar sua base de apoio.

Seria o apoio de Biden ao projeto de proibição do TikTok uma maneira de tentar chegar ao X? Não sabemos. Porém, alguns democratas defendem que o apoio do atual presidente ao projeto representa, na verdade, uma espécie de “tiro no pé”. Isso porque uma pesquisa do ano passado realizada pelo Pew Research Center mostrou que cerca de 60% dos usuários do TikTok são identificados democratas ou com postura democrata. Por outro lado, a campanha de Trump não possui conta no TikTok. Com isso, Biden estaria desagradando boa parte de seus apoiadores.

É uma briga ainda sem vencedores. Mas parece que, independente do resultado, Biden acaba gastando capital político com um debate que está trazendo para ele mais ônus do que bônus.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]
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