| Foto: Vigili del Fuoco / EFE
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O mundo ainda está tentando entender o que levou ao fim do chamado “Bill Gates do Reino Unido”. Mike Lynch, um magnata da tecnologia que estava festejando num luxuoso superyatch sua vitória recente num longo processo judicial, acabou tendo sua celebração interrompida por uma tempestade muito incomum, que levou ao fundo do mar apenas a sua embarcação, que estava ancorada a menos de um quilômetro do porto.

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Junto com ele estavam, além de sua esposa e filha, algumas pessoas de alto escalão, como Jonathan Bloomer, o presidente internacional do Morgan Stanley, um dos maiores bancos do mundo. Lynch havia acabado de vencer um longo julgamento por fraude, que chegou a fazê-lo ser extraditado para os Estados Unidos. Segundo especialistas, sua chance de vencer o processo era de apenas 0,5%. Mas ele conseguiu o improvável.

Para entendermos o que estava por trás do processo (e talvez por trás da morte, para quem curte uma conspiração), precisamos conhecer uma empresa fundada por Lynch: a Autonomous. Em 2011, a companhia foi vendida por cerca de 12 bilhões de dólares para a HP. Porém, depois de fechado o negócio, os compradores alegaram que Mike Lynch, junto com seu chefe do setor financeiro Stephen Chamberlain, teriam adulterado os números contábeis, fazendo-a parecer muito mais valiosa do que realmente seria. Lynch venceu os primeiros processos no Reino Unido, mas acabou sendo extraditado para os EUA, até que a vitória final chegou em junho deste ano.

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Teria sido esse aspecto geopolítico e militar do trabalho de Lynch e de Chamberlain que os levaram a uma morte precoce?

Muito se falou na mídia sobre o caso. Porém, pouco se comentou sobre qual seria exatamente a área de atuação da empresa Autonomous. Ela atua na área de “meaning based computing”, operando o que é chamado de “camada operacional de dados inteligentes”. O objetivo é buscar e processar informações a partir de arquivos de áudio, vídeos e transmissões ao vivo. Isso permitiria monitorar uma quantidade enorme de informação que circula online. Por essa capacidade poderosa, o software chamou a atenção de grupos muitos poderosos, levando à aquisição por parte da HP em 2011, que acabou desencadeando posteriormente a ação por fraude.

Agora, o mais estranho é que, no mesmo dia em que o superyatch afundou, Stephen Chamberlain, o chefe do setor financeiro de Lynch, que também era um dos réus no processo movido pela HP, morreu atropelado enquanto fazia sua corrida diária. Estranho, não? Ainda mais misterioso é lembrar que, em 2021, Chamberlain havia passado a atuar num ousado projeto na Darktrace, uma empresa de segurança cibernética subsidiária da Autonomous. O grande poder da Draktrace é a utilização de inteligência artificial para prever ataques hackers antes mesmo de eles acontecerem, identificando brechas ainda desconhecidas num determinado sistema. Hoje, na maioria dos casos, uma empresa só percebe uma falha de segurança em seu sistema depois que um hackeamento acontece. A Darktrace teria a capacidade de evitar isso, tornando os sistemas imunes às armas cibernéticas mais avançadas do mundo. É importante lembrar que Mike Lynch era uma espécie de gênio da computação. Menino prodígio, ele tinha um doutorado em Cambridge na área de redes neurais, e usou sua experiência acadêmica para revolucionar a área de segurança cibernética.

Quem acompanha minhas colunas aqui na Gazeta do Povo já ouviu falar sobre o alerta que o Fórum Econômico Mundial (FEM) tem feito desde de 2020 sobre a possibilidade de um ataque cibernético a nível global. Os estudos têm sido publicados a partir dos eventos anuais Cyber Polygon, realizados sob o comando de Klaus Schwab, fundador do FEM. O Darktrace poderia ter a capacidade de impedir um ataque cibernético iraniano, norte-coreano, russo ou até mesmo uma ofensiva hacker a nível mundial. Talvez seja por isso que tantos tiveram interesse nas empresas de Lynch.

Teria sido esse aspecto geopolítico e militar do trabalho de Lynch e de Chamberlain que os levaram a uma morte precoce? Essa parte eu deixarei com vocês.

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