No final do ano passado, publiquei aqui um artigo chamado Putin e o Apocalipse por Engano. Citei, entre outras fontes, uma entrevista com o então chefe da Defesa do Reino Unido, o general Nick Carter, em que alertou sobre a possibilidade real de uma Terceira Guerra Mundial acontecer, inclusive, por engano, tendo em vista o elevado nível de estresse no cenário geopolítico internacional, o que favorece atitudes precipitadas.
Isso já aconteceu na história, na ocasião da famosa “Crise dos Mísseis de Cuba”. O nível de tensão era tão grande que o mundo viveu não apenas o momento mais perigoso da Guerra Fria, mas provavelmente a situação mais perigosa de toda a história da humanidade.
Ao contrário da Ucrânia, os poloneses fazem parte da OTAN, cujo artigo quatro do tratado da aliança estabelece que, se um dos membros forem atacados, todos os demais estão obrigados a ajudá-lo.
Precisamente no dia 27 de outubro de 1962, a Rússia contava com um submarino carregado com armas nucleares, enquanto, na superfície, os norte-americanos traziam um porta-aviões e 11 navios de guerra. Os russos receberam, então, um sinal de que as embarcações dos EUA estavam lançando cargas de profundidade nucleares contra eles. Assim, havia poucos minutos para decidir o que fazer, e num cenário muito dificultoso, uma vez que a comunicação com o Kremlin tinha sido cortada e uma elevada concentração de dióxido de carbono atrapalhava a concentração.
Foi então que o capitão russo decidiu lançar um contra-ataque nuclear, o que poderia ter iniciado a Terceira Guerra Mundial e, talvez, ameaçar a própria existência humana. Porém, graças a Deus, a decisão precisava da concordância dos três oficiais presentes no submarino. Foi neste momento que Vasily Arkhipov, o comandante da flotilha, discordou dos outros dois e se negou a cumprir a ordem.
Em seguida, Arkhipov conseguiu convencer os outros oficiais a retornar à superfície para aguardar ordens de Moscou. Isso os levou à conclusão que tudo não passava de um grande mal entendido. Segundo informações oficiais, os norte-americanos emitiram o falso alerta de envio de cargas nucleares submarinas com o objetivo de forçar os russos a emergirem, uma decisão imprudente que poderia ter conduzido o mundo ao total colapso.
Por incrível que pareça, hoje mesmo, estamos vivendo situação semelhante. Na última terça-feira (15), um míssil atingiu uma fábrica de cereais na Polônia, vitimando duas pessoas. A primeira suspeita é que se trataria de uma ofensiva russa. O problema é que, ao contrário da Ucrânia, os poloneses fazem parte da OTAN, cujo artigo quatro do tratado da aliança estabelece que, se um dos membros forem atacados, todos os demais estão obrigados a ajudá-lo. Caso acionado, o dispositivo poderia iniciar uma guerra de proporções globais.
A dúvida que paira é: foi um ataque deliberado russo? Ou se trata de um engano? Uma reunião de emergência foi convocada em Bruxelas. Em seguida, o secretário-geral da Aliança Atlântica, Jens Stoltenberg, realizou nesta quarta-feira (16) uma coletiva de imprensa informando que não foi um ataque deliberado da Rússia à Polônia e que a OTAN concluiu que os russos não têm planos ofensivos contra membros da aliança.
Segundo Stoltenberg, o projétil partiu da Ucrânia, quando utilizou sua defesa antiaérea contra mísseis russos. Ou seja, mais uma vez passamos perto de viver um apocalipse por engano.
Alguns analistas acreditam que a Ucrânia pode ter realizado o ato propositalmente, no intuito de culpar os russos e forçar a OTAN a entrar no conflito ao seu lado. Porém, teriam executado tão mal o suposto ataque de bandeira falsa que se tornou inviável culpar a Rússia sem comprometer sua credibilidade. A atitude extrema teria sido motivada pela aproximação do inverno, que pode colocar não apenas os ucranianos, mas toda a Europa, numa situação muito sensível, devido à escassez do gás russo para aquecer seus lares.
Que Deus nos livre de toda essa loucura.
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