Se antecipando às pressões que certamente chegarão a partir da quebra de sigilo das delações da Odebrecht, o presidente da República, Michel Temer, resolveu avisar: ministro de Estado “simplesmente” citado ou investigado na Lava Jato não vai deixar o governo federal.
Um “afastamento provisório” só será adotado se a pessoa for denunciada pela Procuradoria Geral da República (PGR); e um “afastamento definitivo” ocorrerá apenas se a denúncia for de fato acolhida pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Na prática, a declaração do presidente Temer hoje (13) significa uma tentativa de blindar o desenho atual da Esplanada dos Ministérios até o fim de sua gestão no Palácio do Planalto, em dezembro de 2018: afinal de contas, até a PGR oferecer denúncia, e até o STF acatar ou não a denúncia, vai um “bom tempo”.
Sendo o tempo o seu principal aliado, o presidente Temer segue tentando se equilibrar no Planalto.
LEGISLATIVO JÁ TINHA ADOTADO O MESMO DISCURSO
O discurso do presidente Temer, na linha do “investigado não é condenado”, já tinha sido adotado por toda a cúpula do Congresso Nacional, envolvida na Lava Jato. Desde o retorno dos trabalhos do Legislativo, há menos de 15 dias, líderes têm repetido a frase à exaustão.
Foi assim que justificaram, por exemplo, a escolha de Edison Lobão (PMDB-MA) para o comando da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado.
Na CCJ, aliás, Lobão ficará responsável pela análise, em setembro, do nome do novo procurador- geral da República, aquele cuja missão é oferecer ou não uma denúncia ao STF.
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