(Contribuição da Katia Brembatti)
A informação de que o Partido Republicano da Ordem Social, o PROS, indicou Cairo Tavares para presidir o Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBio) correu como um rastilho de pólvora entre ambientalistas do Brasil todo. Ele é secretário nacional de Formação Política da sigla e não tem histórico de atuação na área ambiental. Entre as atribuições do ICMBio está a gestão de todos os parques nacionais.
Procurada, a assessoria de imprensa do PROS ainda não confirmou a indicação. A nomeação também não foi publicada em diário oficial, e tampouco confirmada pelo Ministério do Meio Ambiente e pela Casa Civil. Contudo, fontes consultadas pela Gazeta do Povo afirmam que Cairo Tavares se reuniu com diretores do ICMBio na quinta-feira (24), em Brasília, e se apresentou como novo presidente do órgão. Ele também teria convocado uma reunião com servidores – e parte deles teria boicotado o chamado.
Reação
Além de manifestações em Brasília, alguns servidores do ICMBio decidiram alertar para o risco da indicação política no órgão e fizeram atos de protestos em alguns parques do Brasil. Pelo menos seis dos mais visitados – Iguaçu, Noronha, Tijuca, Itatiaia, Serra dos Órgãos e Brasília, que concentram mais de 70% dos turistas – estão com uma espécie de operação-padrão, com o acesso mais demorado.
Segundo Angela Kuczach, diretora da Rede Nacional Pró-Unidades de Conservação, os turistas que chegaram a partir das 11 horas desta sexta-feira (25) para visitar as Cataratas do Iguaçu estão sendo informados sobre o motivo da manifestação e não estão sendo impedidos de entrar. “A ideia não é prejudicar os turistas ou gerar uma frustração. Os servidores estão explicando os riscos de uma nomeação unicamente política”, conta. A manifestação deve terminar no início da tarde.
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Aristides Athayde, vice-presidente do Observatório de Justiça e Conservação (OJC), avalia que a eventual posse de Tavares seria “desastrosa”, porque o ICMBio passaria a ter uma gestão de uma pessoa sem as qualificações necessárias. Ele também considera que seria uma atitude “desrespeitosa”, uma vez que existem inúmeras pessoas com preparo para o cargo, muitas dentro da própria instituição.
Para Athayde, ainda é motivo de preocupação que a indicação tenha partido do PROS, sigla notadamente ligada ao agronegócio. Ele também analisa que seria um risco de irresponsabilidade a gestão de um orçamento de R$ 1,4 bilhão ficar nas mãos de alguém sem experiência no setor. “Somos contra qualquer nomeação que não seja técnica. Mas neste caso estamos diante de um deboche”, finaliza.
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