Alvo de quatro das sete ações penais derivadas da Operação Carne Fraca, a servidora pública federal Maria do Rocio Nascimento, 65 anos, também implicou deputados federais do PMDB do Paraná em sua delação, homologada pela Justiça Federal em 8 de fevereiro de 2018.
Devido ao foro especial das autoridades, parte das declarações prestadas por ela já foi encaminhada à Procuradoria-Geral da República (PGR) e ao Supremo Tribunal Federal (STF), competentes para abrir ou não uma investigação específica sobre os parlamentares.
A Operação Carne Fraca, deflagrada há quase um ano pela Polícia Federal, apura um esquema de propina entre servidores da Superintendência do Paraná do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (Mapa) e funcionários de empresas que deveriam ser fiscalizadas pela pasta. Parte do dinheiro arrecadado no esquema de propina pode ter sido destinada a políticos.
O conteúdo da delação de Maria do Rocio Nascimento é sigiloso, mas o blog De Brasília conseguiu apurar que ela corrobora parte do que já foi dito por outro réu, Daniel Gonçalves Filho, o primeiro delator a falar sobre envolvimento de parlamentares do PMDB do Paraná no esquema de propina.
Daniel Gonçalves Filho, ex-superintendente do Mapa no Paraná, implicou a bancada do PMDB do Paraná, formada hoje por Osmar Serraglio, Sérgio Souza, Hermes “Frangão” Parcianello e João Arruda. Os quatro negam qualquer envolvimento com o esquema de propina e ainda não são alvos de denúncia formal da PGR ao STF.
Maria do Rocio Nascimento foi apontada pelos investigadores como uma espécie de “braço-direito” de Daniel Gonçalves Filho, que seria o comandante de todo o esquema de propina no Mapa. Na superintendência paranaense da pasta, ela atuou como chefe do Serviço de Inspeção de Produtos de Origem Animal.
Tanto Daniel Gonçalves Filho quanto Maria do Rocio Nascimento foram presos na primeira fase da Operação Carne Fraca, deflagrada em 17 de março de 2017. O primeiro foi solto em dezembro. Já Maria do Rocio Nascimento deve sair da prisão no próximo dia 17, ao completar exatamente um ano detida preventivamente. Sua saída tem ligação com seu acordo de colaboração premiada.
Ao se comprometer a colaborar com as investigações, ela conseguiu redução de eventual pena (ainda não há sentença). Por outro lado, Maria do Rocio Nascimento será obrigada a pagar R$ 850 mil (em dez parcelas de R$ 85 mil, entre 2018 e 2027), a título de multa e indenização pelos danos causados por seus delitos. Ela também renunciou ao direito de recorrer da decretação judicial da perda de seu cargo de fiscal federal agropecuária.