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Usina Hidrelétrica de Belo Monte. Foto: Divulgação/Consórcio Norte Energia
Usina Hidrelétrica de Belo Monte. Foto: Divulgação/Consórcio Norte Energia| Foto:

Parte da delação feita no âmbito da Operação Greenfield por Roberto Carlos Madoglio, ex-superintendente de Fundos de Investimentos da Caixa Econômica Federal (CEF), pode servir para abastecer uma investigação ligada à Operação Buona Fortuna/Operação Lava Jato, e que apura ilícitos na construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no Pará.

Isso porque em um dos seus termos de colaboração, homologado pela 10ª Vara Federal do Distrito Federal e obtido pela Gazeta do Povo, Madoglio traz informações sobre o que teriam sido as negociações em torno da formação do consórcio que venceu o leilão para construir a Bela Monte, no ano de 2010.

Madoglio começa explicando que, diante de um aparente mau negócio, conseguiu evitar a participação do Fundo de Investimentos do FGTS (FI-FGTS) no leilão da Belo Monte. Ele relata, por exemplo, que algumas empresas, como a Odebrecht Energia, também entenderam se tratar de um negócio nada atrativo. “Eles [Odebrecht Energia] disseram que o projeto era financeiramente muito ruim, que não entrariam no leilão. E, de fato, não havia as condições mínimas necessárias”, conta ele.

Na sequência, Madoglio revela que, por isso, ficou “surpreso” quando soube que a J.Malucelli Construtora integrava o consórcio vencedor do leilão. Nesta época, a Malucelli Energia já era acionista do FI-FGTS, e Madoglio então perguntou a Alexandre Malucelli o motivo da participação da J.Malucelli Construtora no negócio da Bela Monte. Alexandre Malucelli, segundo Madoglio, teria respondido da seguinte forma: “Não tive escolha, me mandaram participar”. Alexandre Malucelli não teria dito de quem partiu a “ordem”, ainda segundo Madoglio. O depoimento do ex-superintendente de Fundos de Investimentos da CEF, no âmbito da Operação Greenfield, foi prestado no final do ano passado.

A suposta declaração de Alexandre Malucelli é mais uma peça para o Ministério Público Federal (MPF) do Paraná, à frente da Operação Buona Fortuna. De acordo com procuradores da República que atuam em Curitiba, “há evidências” de que o governo federal atuou “de forma indevida” para garantir a vitória do consórcio, que teria sido formado às pressas, e com pagamento de propina. O “Consórcio Norte Energia” foi formado com nove empresas no total, e encabeçado pela Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf), subsidiária da Eletrobras.

A Gazeta do Povo procurou o Grupo J.Malucelli, questionando a suposta declaração de Alexandre Malucelli a Roberto Madoglio. Em nota, a resposta foi a seguinte: “No tocante à participação da J.Malucelli Construtora na construção da UHE Belo Monte, esta tem a esclarecer que se deve ao simples fato de ser acionista do empreendimento, motivo pelo qual afirma, com toda convicção, que não fez qualquer pagamento indevido conforme noticiado e está certa que a justiça comprovará sua idoneidade e não participação nos fatos apontados, já que sempre agiu de acordo com seus princípios éticos e morais”.

Na presidência do Grupo J.Malucelli desde 2013, Alexandre Malucelli é filho de Joel Malucelli, fundador do conglomerado, cuja matriz fica em Curitiba.

A Operação Buona Fortuna foi deflagrada pelo MPF em 9 de março de 2018, mas, até agora, os investigadores ainda não ofereceram denúncia sobre o caso à Justiça Federal.

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