Embora o “distritão” aparentemente já conte com o apoio virtual da maioria do plenário da Câmara dos Deputados – a votação está prevista para hoje (16) -, é difícil encontrar pelos corredores da Casa quem o defenda com “unhas e dentes”. De modo geral, os parlamentares parecem satisfeitos em apresentar algum tipo de mudança – seja ela qual for – e têm se apegado ainda ao fato de o “distritão” ter prazo de validade – pela proposta em debate, o “voto distrital misto” já vigoraria no pleito seguinte, nas eleições gerais de 2022, em substituição à novidade de 2018.
Integrante da comissão especial da reforma política, o deputado federal Sérgio Souza (PMDB-PR) admite que o “melhor sistema é o distrital misto”, mas pondera que o “distritão”, ou seja, o voto majoritário estendido a parlamentares, em substituição ao sistema proporcional hoje praticado, é aprovado pelo eleitorado. “Acho que é a melhor solução de forma transitória. O povo entende bem um sistema que simplesmente elege os mais votados”, ressalta ele, em entrevista à Gazeta do Povo.
Para Sérgio Souza, o “distritão” de fato enfraquece o partido político e praticamente cria um modelo no qual “cada um por si, Deus por todos”. Mas, acredita ele, já não há identificação do eleitor com as legendas. “O povo não vota mais em partido. Nem os filiados sabem o que significa a sigla do seu partido, quanto mais a ideologia. O povo vota em pessoas”, afirma o peemedebista.
Também integrante da comissão especial da reforma política, o deputado federal Sandro Alex (PSD-PR) segue destacando que o “distritão”, do ponto de vista do eleitor, pode parecer mesmo um sistema “mais compreensível”, ante o atual, cuja distribuição de cadeiras no parlamento depende não só do desempenho do candidato, mas também de partidos políticos e coligações. “Dizer que a população não apoia o distritão não é verdade. A população compreende bem quando o mais votado é o eleito. O povo não está inconformado”, observa ele, em entrevista à Gazeta do Povo.
Sandro Alex também pondera que, ao contrário do que se tem ventilado, o “distritão” não seria um mecanismo capaz de “perpetuar ladrões no poder”. “Não concordo que o distritão vai beneficiar os investigados, os denunciados. No sistema proporcional, é até mais fácil pegar um puxador de votos e se esconder atrás dele. E se o candidato é conhecido por ser ladrão, ele não deveria ganhar os votos do povo, simples assim”, afirma o parlamentar do PSD.
Apesar disso, Sandro Alex está longe de ser um defensor do “distritão”. Para ele, o sistema proporcional, mesmo com suas deformações, não poderia ser descartado às pressas, apenas para o parlamento apresentar algum tipo de mudança à sociedade. “É aquela máxima: não há nada tão ruim que não possa ficar ainda pior. Nós estamos em um momento tão difícil da política que aqui na Câmara dos Deputados agora parece que qualquer outra coisa é melhor do que o sistema atual”, analisa ele.
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