No plenário do Senado, os senadores Gleisi Hoffmann (PT-PR) e Roberto Requião (PMDB-PR). Foto: Jefferson Rudy/Arquivo Agência Senado| Foto:

Chamado como testemunha de defesa da senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), o senador Roberto Requião (PMDB-PR) fez elogios à colega de bancada, sua trajetória política, de militante da esquerda, e sua atuação hoje no parlamento. Ele prestou depoimento na ação penal 1003, incluída no bojo dos processos da Lava Jato em trâmite no Supremo Tribunal Federal (STF). “Eu acho rigorosamente impossível a participação da Gleisi num processo dessa natureza”, cravou ele durante a audiência, conduzida por Paulo Marcos Farias, juiz auxiliar do ministro do STF Edson Fachin. Aproveitou, contudo, para alfinetar o próprio partido político. “Eu até tenho dito que a impressão que eu tenho é que a próxima reunião ministerial do PMDB vai ser feita na Papuda”, disparou o paranaense, durante a audiência. Os principais trechos do depoimento do ex-governador do Paraná, pinçados pelo blog, estão logo abaixo:

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(…)

ADVOGADO DE DEFESA – O senhor se recorda quando conheceu a senadora Gleisi Hoffmann?

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SENADOR REQUIÃO – A Gleisi fazia política no Paraná. Eu conheci a Gleisi – não pessoalmente, mas por informações, participação na televisão – na minha campanha para prefeitura municipal de Curitiba.

ADVOGADO DE DEFESA – Isso foi em que ano mais ou menos?

SENADOR REQUIÃO – Ah, 81. Fui prefeito [de Curitiba] em 85. A Gleisi era uma menina que, pela que eu sei, pensava em ser freira, depois participou de uma política partidária, se não me engano, influenciada pela teoria da libertação no PCdoB, e, posteriormente, saiu do PCdoB e foi para o PT. Mas eu não conhecia pessoalmente, conhecia por informações no processo político.

ADVOGADO DE DEFESA – Perfeito. O senhor tem conhecimento da trajetória política da senadora?

SENADOR REQUIÃO – Sim, é o que eu tô dizendo.

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ADVOGADO DE DEFESA – Mais recentemente?

SENADOR REQUIÃO – Mais recentemente, sim. A Gleisi foi minha adversária na última eleição, para o governo do Estado. Ela disputou contra mim.

ADVOGADO DE DEFESA – Perfeito. O senhor saberia dizer se a senadora, quando era ministra-chefe da Casa Civil, chegou a praticar algum ato para mudar ou manter pessoas na diretoria da Petrobras?

SENADOR REQUIÃO – Olha, pela que eu conheço da Gleisi, apesar de ter sido minha adversária, ela tem um comportamento rigorosamente exemplar, desde o começo: motivação ideológica, preocupada com a política, preocupada com o domínio das oligarquias na política brasileira… E eu, inclusive, por isso, até estranho [a denúncia], porque não tem nenhuma relação com a imagem que eu tenho, do que eu conheço da atividade política dela.

ADVOGADO DE DEFESA – Então, o senhor não tem conhecimento de nenhum fato que possa desabonar a senadora?

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SENADOR REQUIÃO – Não.

ADVOGADO DE DEFESA – Sem mais perguntas, Excelência.

SENADOR REQUIÃO – Só deixando clara uma coisa: eu fui oposição ao PT, no Senado da República. Eu fui o único senador que fez oposição ao Partido dos Trabalhadores. A Gleisi era ministra da Dilma. Fiz oposição porque eu não concordava, em hipótese alguma, com a orientação da política econômica, nem do Lula e nem da Dilma, e a Gleisi estava na Casa Civil.

(…)

JUIZ AUXILIAR – O senhor sabe como funcionavam as nomeações de diretores da Petrobras, se agremiações políticas, de qualquer natureza, teriam alguma força para indicar ou até para demitir um diretor da Petrobras nesses governos do ex-presidente Lula e da ex-presidente Dilma?

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SENADOR REQUIÃO – Hoje, depois das revelações maravilhosas da Lava Jato, eu tenho um conhecimento mais concreto disso. Mas isso se dava na política nacional, eu fazia política no Paraná. Eu acho que nós passamos a saber a partir da Lava Jato.

JUIZ AUXILIAR – O senhor sabe se o senhor Paulo Roberto Costa, em algum momento, ele era procurado por agentes políticos em busca de financiamento de campanha?

SENADOR REQUIÃO – Isso pelas notícias que a gente tem dos processos mais recentes, inclusive com envolvimento pesadíssimo do meu partido. Eu até tenho dito que a impressão que eu tenho é que a próxima reunião ministerial do PMDB vai ser feita na Papuda. É um envolvimento profundo de toda a classe política e que é transversal, ele atinge todas as cúpulas dos partidos que agiram no Brasil nos últimos anos.

JUIZ AUXILIAR – Mas, com relação ao fato… Voltando, então, agora… Pontuando, com relação ao fato aqui em debate, que senhor Paulo Bernardo pediu para a senadora Gleisi um valor ao Paulo Roberto Costa, sabendo dessa origem, o senhor nunca ouviu nenhum comentário?

SENADOR REQUIÃO – Não ouvi nenhum comentário.

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JUIZ AUXILIAR – E pelo que o senhor conhece da senadora, isso não seria verdade?

SENADOR REQUIÃO – Eu acho rigorosamente impossível a participação da Gleisi num processo dessa natureza. Não digo mais nada dos outros envolvidos nesse processo. Inclusive, eu, lendo hoje de manhã a denúncia, não vi nada que estabelecesse um nexo causal de doações, supostas doações – não sei se ocorreram -, que vinculasse com a Gleisi isso. Eu conheço a Gleisi da campanha, foi minha adversária. Conheço a Gleisi do Senado hoje. Acho uma senadora que corresponde ao período em que foi militante jovem. E, pra não dizer que eu estou falando bem da Gleisi, eu acho que como ministra ela foi uma ministra daquela política da Dilma, e que me horrorizava, mas não por corrupção; me horrorizava pela partido econômico tomado. A história do liberalismo econômico, “austericídio” cometido pelo Joaquim Levy. Achei aquilo tudo uma coisa rigorosamente horrível. Mas, em termo de envolvimento em corrupção…

(…)

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