Embora o doleiro Alberto Youssef tenha tido uma longa relação com José Janene, um dos principais nomes do Partido Progressista (PP), morto em 2010, o deputado federal Dilceu Sperafico (PP-PR) afirma que nunca conversou com o delator da Lava Jato. “Youssef eu conheço pela imprensa”, declarou ele, durante depoimento prestado em julho no Supremo Tribunal Federal (STF), no âmbito da ação penal 996, na qual o colega Nelson Meurer (PP-PR) é acusado pela Procuradoria Geral da República (PGR) de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, na esteira da Lava Jato.
Sperafico foi chamado como testemunha de defesa de Meurer, mas, pelo fato de também figurar na lista de investigados da Lava Jato, no famoso inquérito 3989, ele acabou sendo ouvido apenas como um “informante”. Para o Ministério Público Federal (MPF), Sperafico não tem “a isenção necessária para figurar como testemunha”. O argumento foi endossado por Camila Plentz Konrath, responsável por conduzir a audiência. Ela integra o grupo de juízes auxiliares do ministro do STF Edson Fachin, relator da Lava Jato.
Como “informante”, Sperafico reiterou uma das teses da defesa de Meurer, na qual o acusado é colocado como alguém que não tem um grande patrimônio e que, pelo contrário, costuma pedir dinheiro emprestado aos colegas. Assim, segundo a defesa, não é possível que Meurer tenha sido de fato um beneficiário de dinheiro do “Petrolão”, como sustenta a PGR. “Ele não é uma pessoa rica, que eu saiba. Muitos anos atrás ele falou para mim que precisava de algum recurso, até meu pediu, mas eu infelizmente não pude atender. Ele queria 5 mil reais, para acertar alguma coisa, mas eu não pude atender”, relatou Sperafico na audiência.
Janene, Meurer e Sperafico foram eleitos para a bancada do Paraná na Câmara dos Deputados, pela primeira vez, na disputa de 1994. Janene cumpriu três mandatos na Casa. Meurer e Sperafico estão na sexta legislatura. Ambos já sinalizaram “aposentadoria” na eleição de 2018.
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