Painel de votação. Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados| Foto:

Aliados da presidente Dilma esperavam mais votos do que os obtidos na noite de ontem (11), na comissão especial do impeachment. Ao menos 29, reconheceu um parlamentar, contrariado com os 27 votos registrados. Na conta final, contudo, o Planalto também “ganhou” um voto até então não contabilizado no rascunho. O paranaense Aliel Machado, da Rede Sustentabilidade, estava indeciso, mas, no último instante, votou contra o parecer que recomenda a admissibilidade do pedido de impeachment, surpreendendo os dois lados da história.

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“Hoje a emoção fala mais alto dentro da pressão, mas a razão é que ficará marcada na história. Eu não tenho medo de enfrentar quando eu sei que estou com a razão no meu coração. Voto não”, afirmou ele, ao final de um discurso acalorado.

Na saída da reunião, o nome do paranaense era citado pelos aliados como uma espécie de “trunfo”: o voto teria partido de um “parlamentar isento”, pois não integra a base aliada, e que vinha sendo pressionado a votar favorável ao pedido de impeachment, explicaram aliados. Os veteranos Arlindo Chinaglia (PT-SP) e Silvio Costa (PTdoB-PE) saíram da reunião expressando “admiração” pelo “jovem da Rede”. Chinaglia disse que “foi o voto mais impressionante”. “É um jovem competente, sério, decente, correto”, reforçou Costa. A oposição minimizou. A Rede Sustentabilidade, gritaram opositores ao final do voto de Aliel Machado, é “puxadinho do PT”.

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Em seu discurso, o paranaense disse que é oposição ao governo federal, que saiu do PCdoB justamente porque era uma sigla “extremamente fiel” ao Planalto em “todas as circunstâncias”, e que o PT “se elegeu falando uma coisa na televisão e fazendo outra depois”. Mas, ao justificar o voto contrário ao pedido de impeachment, ele afirmou que não pode “eleger um novo programa para o País que eu não conheço, um novo programa que quem banca é a Fiesp”. Também falou da possibilidade de Michel Temer ser poupado das investigações da Lava Jato, caso assuma o Executivo, e destacou o “fator Cunha”.

“Jamais vou aceitar este conluio feito pelo senhor Eduardo Cunha no dia em que não foi aceito o acordo para livrá-lo da cassação”, disse ele, em referência à data de deflagração do impeachment, em dezembro do ano passado.

MARINA SILVA PASSA A DEFENDER ADMISSIBILIDADE

O voto de Aliel Machado foi declarado horas depois de a presidente da Rede Sustentabilidade, Marina Silva, informar que o partido passava a defender a admissibilidade do processo de impeachment para eventual “julgamento” pelo Senado. Até então, a Rede Sustentabilidade apenas focava na ação de impugnação de mandato eletivo, em trâmite no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que apura se dinheiro do “petrolão” abasteceu a campanha eleitoral da chapa Dilma/Temer. Apesar disso, a Rede de Marina decidiu que seus filiados na Câmara dos Deputados estavam “liberados” para votar de acordo com suas consciências.

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