O deputado federal pelo Paraná Alfredo Kaefer (PSL) está em busca de um partido político. Eleito para o atual mandato pelo PSDB, Kaefer migrou para o Partido Social Liberal no início do ano passado, com a missão de dar corpo nacional à inexpressiva sigla. O plano não se concretizou. No meio do caminho, o partido foi “sequestrado” por um grupo chamado “Livres”, contou ele. “Eu fui atropelado por um grupo que adentrou para dentro do PSL chamado Livres, que confunde liberalismo econômico com liberalismo de costumes. Eles sequestraram o PSL. É quase um departamento dentro do PSL, e que hoje está tendo mais voz ativa”, disse Kaefer, em entrevista à Gazeta do Povo, na tarde de ontem (23).
“Liberal é aquele que pensa na liberdade econômica, com um estado enxuto, menor, com foco nas áreas de educação, saúde, justiça e segurança, os pilares sociais de uma República. E o restante é da iniciativa privada. Mas o Livres é uma mistura de liberdade com libertinagem. Eles defendem liberdade de aborto, descriminalização total de drogas, eutanásia. Então isso não cabe dentro do meu receituário, do meu ideário político. Eu sou liberal na economia, um democrata na política, e sou conservador nos costumes, a gente preserva a família, é a nossa cultura”, justificou o ex-tucano.
O primeiro embate direto com o “novo PSL” ocorreu mês passado, quando Kaefer se posicionou contra a definição de “serviço de natureza privada” para o aplicativo Uber, em votação na Câmara dos Deputados, e foi duramente criticado pelo “Livres”. Mais recentemente, na esteira da delação da JBS, enquanto o “PSL-Livres” pede a renúncia do presidente Temer, Kaefer pondera que ainda não há condições para fazer um julgamento do peemedebista.
“É lamentável. O Partido Social Liberal é uma boa bandeira, uma boa programática. Tinha tudo para ser o [Emmanuel] Macron lá da França, algo assim”, avaliou ele.
“BETO RICHA NÃO FEZ O DEVER DE CASA”
Agora, Kaefer confirma que tem conversado com “legendas moderadas” e até recebeu convites de colegas para voltar para o PSDB. Mas, aparentemente, a relação com a principal liderança tucana no Paraná, o governador do Estado Beto Richa, continua estremecida.
Para voltar ao PSDB, explicou Kaefer, o partido “teria que passar por uma mudança radical”. “O partido está contaminado. Suas lideranças são acusadas de praticarem delitos. E Beto Richa não fez o dever de casa, como ele alega. Ajuste fiscal no Paraná foi feito com o sangue e o suor dos paranaenses. Convenhamos, é fácil fazer um ajuste fiscal aumentando impostos”, criticou o parlamentar.
LIVRES QUER “REFUNDAR O PSL, CONTRA A VELHA POLÍTICA”
Ao saber das declarações do deputado federal Alfredo Kaefer, o diretor nacional de comunicação do Livres, Mano Ferreira, enviou uma nota ao blog, na tarde de hoje (24), para esclarecer que o objetivo do grupo é “refundar o PSL sob novas bases, conectado à nova sociedade e contra a velha política que resultou nos escândalos do noticiário da Lava Jato”.
Mano Ferreira escreve que o Livres é liberal por inteiro, “na economia e também nos costumes”, mas que respeita “o lado conservador” do parlamentar. O diretor nacional do novo PSL ponderou ainda que a legenda defende a revisão gradual da política de drogas, começando pela legalização da maconha, mas que ainda não tem uma posição fechada sobre temas como aborto e eutanásia, mencionados por Kaefer.
Ao fim da nota, o diretor do Livres destaca que a sigla deseja “agregar o máximo de pessoas”, mas nega que irá tratar “vozes dissonantes como inimigas e correr atrás de mandatos”.
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