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Pressionados pela Lava Jato, políticos se agarram à tese do “é preciso separar o joio do trigo”

Deputado federal Rodrigo Maia (DEM-RJ). Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados (Foto: )
Deputado federal Rodrigo Maia (DEM-RJ). Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados

Deputado federal Rodrigo Maia (DEM-RJ). Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados

Antes limitada às conversas de bastidores, a tese do “é preciso separar o joio do trigo” agora começa a circular por aí, na boca de figurões da política. A frase, em tradução livre para os tempos atuais, de Operação Lava Jato, significa o seguinte: é preciso separar aqueles que praticaram o usual caixa dois daqueles que cometeram crime de desvio de dinheiro e afins.

Um dos primeiros a insinuar a tese de forma pública, ainda que de maneira constrangida, foi o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), em outubro do ano passado. Em entrevista ao jornalista Mario Sergio Conti, Rodrigo Maia destacou que a prática de caixa dois e o desvio de recursos públicos “são coisas distintas”.

“Vamos separar quem fez política e quem desviou dinheiro. E nesse momento acho importante que a gente deixe claro exatamente o que foi crime de caixa dois e o que foi corrupção. Anistia é uma palavra muito forte, mas alguma solução deve ser dada”, afirmou.

O momento é de temor na classe política. Agora, quando as delações da Odebrecht estão prestes a ganhar publicidade, e gerar abertura de inquéritos contra políticos, o ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso (PSDB) também entra em cena para defender a tese do “é preciso separar o joio do trigo”.

E, desta vez, não houve constrangimento. Na semana passada, ao reagir publicamente para defender o presidente nacional do PSDB, o senador mineiro Aécio Neves, FHC escreveu: “Há uma diferença entre quem recebeu recursos de caixa dois para financiamento de atividades político-eleitorais, erro que precisa ser reconhecido, reparado ou punido, daquele que obteve recursos para enriquecimento pessoal, crime puro e simples de corrupção”.

Ontem (6), foi a vez de outro tucano adotar o mesmo discurso. Em entrevista à imprensa, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, disse que era preciso “ter cuidado para não misturar pessoas que fizeram corrupção, se enriqueceram, patrimonialismo, com outros casos”. Em suma, nas palavras do próprio tucano, “é preciso separar o joio do trigo”.

Se a tese será mesmo absorvida pelos investigadores da Lava Jato e magistrados, influenciando penas maiores ou menores, não se sabe. De todo modo, ela certamente não traz alívio ao eleitor.

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