Não é de hoje que o senador Roberto Requião (PMDB-PR) flerta com diferentes possibilidades de candidaturas no mesmo ano eleitoral. Há mais de 15 anos, pelo menos, tem sido assim. No longínquo 2002, Requião também estava no Senado quando se lançou pré-candidato à presidência da República pelo PMDB de Michel Temer. Sua inscrição na convenção da sigla, argumentou na época, era uma maneira de insistir na candidatura própria do PMDB, descartando a aliança com os tucanos.
“Acabei participando da convenção com 218 votos contra um pouco mais de 460 votos dados à coligação. Eu posso dizer hoje como Paulo, em Carta aos Coríntios: combati o bom combate; cumpri a minha missão e não perdi a minha fé. Como senador pelo Paraná, ao contestar a coligação que eu acreditava inadequada e inaceitável para um partido de raízes e extração populares, eu tinha que apresentar uma alternativa. Não fui candidato, fui um anticandidato, marquei uma posição”, discursou Requião no Senado, em 17 de junho de 2002.
Naquele mesmo ano, contudo, o PMDB local já contava com Requião para a cabeça de uma chapa ao governo do Paraná. Curiosamente, os peemedebistas também não descartavam no Paraná uma aliança com o PSDB do então vice-prefeito de Curitiba, Beto Richa.
Mas, ao contrário do que ocorreu na esfera nacional – com a união entre José Serra (PSDB) e Rita Camata (PMDB) consolidada nas urnas -, Requião concorreu sem o apoio de Beto, que também saiu candidato ao governo do Paraná, com a ajuda do então PFL de Jaime Lerner.
Requião venceu na disputa de 2002 e foi reeleito em 2006. Mas, quatro anos depois, em 2010, quando uma nova candidatura ao Senado já era dada como certa por correligionários, Requião voltou a se lançar pré-candidato à presidência da República.
Em 2 de junho de 2010, Requião já se utilizava do Twitter para anúncios do tipo: “Acabo de autorizar o senador Pedro Simon a registrar na convenção do PMDB, por indicação do Rio Grande do Sul, minha candidatura à presidência da república”, escreveu ele, sobre o que viraria mais uma tentativa frustrada. “Na política e na vida se acumulam as decepções, nós não podemos é desistir”, continuava no Twitter.
Mas, naquele ano, Requião acabou mesmo foi no Senado e, já em 2014, com mais quatro anos de mandato garantido em Brasília, se arriscou na disputa ao governo do Paraná. Não sem antes cogitar novamente uma candidatura à presidência da República.
“Vou me apresentar na convenção nacional do PMDB como candidato à presidência da República. Aí você me pergunta, você vai ganhar? Ora, eu não sou idiota, eu sei no que se transformou o meu PMDB, mas eu vou cumprir a minha obrigação junto com um grupo de economistas que trabalham comigo e apresentar um projeto. Quero estabelecer um contraponto”, declarou em entrevista à revista Caros Amigos, ainda no início de 2014.
Ao final se registrou na corrida local, e perdeu justamente para Beto Richa, reeleito ainda no primeiro turno.
Hoje, Requião já se apresenta com mais de uma opção nas eleições de 2018: informa que está à disposição do PMDB para disputar mais uma vez o governo do Paraná; ao mesmo tempo, ninguém ao seu lado já descartaria completamente a candidatura do peemedebista à reeleição, em busca de mais oito anos no parlamento.
No campo das especulações, há ainda uma terceira possibilidade: o paranaense sairia como candidato a vice-presidente da República, em uma chapa encabeçada por Lula (PT).
Antes das convenções, tudo parece possível.
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