O deputado federal Ricardo Barros (PP-PR) disse que só resolveu se lançar pré-candidato à presidência da República para tentar manter o “Centrão” unido, aquele grupo de quase dez partidos políticos forjados em 2016, na esteira do processo de impeachment contra Dilma Rousseff, e “apadrinhado” nos bastidores por Eduardo Cunha (MDB-RJ), hoje preso da Operação Lava Jato.
A quase um mês do início da propaganda eleitoral, o Centrão ainda não definiu quem pretende apoiar na corrida ao Planalto mesmo após “inúmeras reuniões”, cutuca Ricardo Barros, em entrevista nesta sexta-feira (13) à Gazeta do Povo em Brasília. O grupo está dividido entre três nomes – Alvaro Dias (PODE), Geraldo Alckmin (PSDB) e Ciro Gomes (PDT). Na última reunião, no início da semana, quando se esperava algum consenso, nada foi anunciado.
“Alguns querem Alvaro, outros Alckmin, outros Ciro. Se não houver consenso, o Centrão vai se pulverizar. Eu coloquei meu nome à disposição como uma alternativa, como uma resposta à falta de solução. E a receptividade foi boa”, diz Ricardo Barros, que torce pela manutenção do grupo, cuja força política no Legislativo teve peso gigante na gestão Temer. “Unidos, conseguimos oferecer um tempo de TV atraente para qualquer candidato. E a minha candidatura também só se viabiliza com a aliança”, explica ele, que saiu em abril do Ministério da Saúde para, inicialmente, disputar a reeleição na Câmara dos Deputados.
Questionado sobre qual dos três presidenciáveis preferiria se aliar, Barros se esquivou, reforçando que trabalha por um nome de consenso. Também negou que estivesse se lançando pré-candidato ao Planalto em reação à aproximação do PP com Ciro Gomes (PDT). No Paraná, o PDT tem pré-candidato ao governo estadual, Osmar Dias, que nas urnas deve disputar o eleitorado com Cida Borghetti (PP), mulher de Barros. “É uma questão nacional. O Centrão, inclusive, está oferecendo apenas tempo de televisão. Dinheiro do fundo eleitoral e palanques regionais não estão na negociação”, responde Barros, pragmático.
No Paraná, o PP de Cida e Barros já conseguiu uma aliança com o PSDB, DEM, PTB e PSB. A chapa já tem dois nomes para a disputa ao Senado – Beto Richa (PSDB) e Alex Canziani (PTB) – e só não definiu ainda quem será o candidato a vice de Cida. “Será a tampa da panela”, resume Barros, lembrando que a vaga aberta permite que novas siglas ainda sejam atraídas para a chapa.
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