Tudo é feito em Hong Kong. Lembro bem dos brinquedos de plástico da infância, na década de 70. Se você experimentou a vida nessa época, ou mesmo antes disso, vai se recordar das pistolas de água, das lanternas metalizadas ou coloridas, dos primeiros autoramas ou das câmeras fotográficas com flash quadrado que ia queimando aos poucos.
Ao longo de uma história de dominação britânica, guerras mundiais e invasão japonesa, a região se industrializou e começou a exportar para o mundo lampiões e lanternas, brinquedos, produtos de plástico, relógios e muito mais plástico.
Aqui se vive bem e se paga por isso. Hong Kong é uma cidade desenvolvida, cosmopolita e muito interessante. Fala-se um pouco mais inglês do que no restante do país.
Por ter pouco espaço e ser uma das áreas de maior densidade demográfica do mundo, cresceu para o alto. É vertical, riscada por arranha-céus e conectada por galerias, shopping e centros comerciais e de escritórios.
Está entre no topo da cadeia alimentar em diversas classificações internacionais: Ìndice de Desenvolvimento Humano; Qualidade de Vida; Percepção da Corrupção; Expectativa de Vida.
Segura e amigável, permite caminhadas a qualquer hora, com uma câmera ao pescoço e muita tranquilidade. E, o melhor de tudo, sem assédio. A única abordagem, ainda assim delicada, é para a venda de produtos piratas.
Um dos maiores centros financeiros internacionais, Hong Kong não para, está em constante renovação.
Naturalmente é cara. Mais do que o restante da China. Bem mais do que o sudeste asiático. Uma acomodação minúscula – com cama e diminuto banheiro – custa US$30. O céu também é o limite para os preços dos hotéis chiquinhos. Cobram fácil US$600 e lotam. Olha só onde eu fiquei.
Cidade inteligente, HK construiu sistema de transporte excelente e de larga capilaridade. Abasteça um cartão e use nos trens, metros, ônibus, bondes e até no secular ferry boat. Ainda assim pode haver longas filas. Há muita gente. São sete milhões de habitantes em 1,1 mil quilômetros quadrados. O Brasil tem 8,5 milhões de km.
Por ser uma região administrativa especial, a Cidade-Estado tem autonomia, livre comércio, um sistema político distinto da China Continental e um Poder Judiciário independente.
O ruim é que aqui a internet também é controlada. Menos do que em Shangai, mas há dificuldades, fato que atrasou a publicação deste post. Estava com dificuldade para visualizar minhas primeiras fotos e fiz contato com meu amigo Lucas, no Brasil.
Usando esses programas que só os hackers conhecem, ele acessou minha máquina à distância. Por poucos minutos tentou ajudar. Logo perdemos o áudio de contato. Depois o sistema de controle do governo chinês o expulsou do aplicativo e Lucas perdeu o monitoramento do meu computador. Fiquei só, lutando contra a tecnologia e o acesso vigiado. Nesse ponto prevalece a antiguidade.
A terra com um dos maiores PIBs per capita do mundo é também de fortes contrastes. Coexistem o antigo e o contemporâneo, o luxo e o tradicional. Ao lado de construções seculares e fachadas espelhadas, estão prédios mais velhos e feios, barracas de comida e lojas de medicinas chinesas. Íngremes ladeiras espremidas entre restaurantes finos.
A história não foi engolida e é isso que torna o lugar charmoso e rico.
“Hong Kong is where East meets West and high meets low”.