O primeiro passo, fundamental, é a concentração. A interiorização para captar força interna. Segundos depois o balão, instalado atrás de uma parede de vidro, é estourado com um prego. A velocidade e a precisão do movimento fazem com que o vidro não se rompa. O prego produz apenas um pequeno estilhaço e um furo, suficientes para atingir e explodir a bexiga de borracha.
A técnica é demonstrada por um aluno do Centro de Treinamento Wushu que mantém grupo educacional com escolas de nível fundamental, médio e até faculdade para interessados na prática do Kung Fu. Está localizado ao lado do tradicional Templo de Shaolin, onde surgiu a modalidade, na província de Hénán, no centro da China.
A história conta que o monge indiano Batuo (Bodhidarma), primeiro responsável pelo templo, criou um conjunto de exercícios para manter a saúde e a vitalidade dos demais monges, ao redor dos anos 500. Era preciso ter boa condição física para os exercícios de meditação, com o corpo imóvel por longos períodos. Baseada em movimentos de diversos animais e insetos, o sistema se tornou uma arte marcial difundida em todo o mundo.
A apresentação continua de forma impressionante, no centro de treinamento. Outro aluno encosta duas lanças pontiagudas na superfície do corpo entre a garganta e o peito e pressiona as lâminas até que se dobrem. O esforço e o sacrifício estão na essência do Kung Fu.
O primeiro aluno de Batuo conquistou essa posição provando sua capacidade de entrega, devoção e persistência. Nevava muito quando o monge Huike se postou frente ao abrigo onde meditava Batuo. Pediu para se tornar um discípulo, mas ouviu que se neve vermelha caísse do céu esse pedido seria atendido. Huike cortou seu próprio braço, o esquerdo, e avermelhou a neve ao redor. Tornou-se o primeiro seguidor do mestre.
É por esse motivo que alguns monges do Templo de Shaolin, quando se inclinam em reverência, sustentam em posição de oração apenas a mão direita. O braço esquerdo segue descansando, ao lado do corpo, como simbolismo e respeito ao monge-primeiro discípulo.
O Templo de Shaolin está aninhado no vale formado entre as montanhas Song, local sagrado e origem da civilização chinesa. Ao redor há outras construções históricas, na área antigamente conhecida como “Centro do Céu e da Terra”. Infelizmente o templo foi alvo de ataques e destruição em guerras internas na China. O último incêndio, em 1928, exigiu a reconstrução de várias áreas e edificações.
Além da história, são impressionantes e reais as marcas deixadas pelos monges, nos pavilhões de treinamento. O solo afundado reflete a dinâmica, ilustra a persistência e comprova a exigência e a disciplina requeridas para a prática da modalidade marcial. A depressão no chão foi provocada pelos movimentos intensos com os pés. Árvores seculares estão furadas por dedos, após repetitivos impactos.
De todo o país – e por vezes do exterior – chegam jovens interessados no internato para treinamento. Há várias outras escolas fora dos arredores do templo, nos centros urbanos mais próximos. Boa parte dos alunos vem de famílias mais pobres e recebem uma oportunidade de estudo e de desenvolvimento físico, intelectual e emocional. Muitos foram premiados em competições, outras dezenas seguiram carreira militar ou na polícia.
Apesar da multidão de chineses que visita o local, diariamente, o templo de Shaolin não recebe muitos estrangeiros e ainda preserva a atmosfera de paz e inspiração. O lugar continua mágico. O Kung Fu ainda é parte da alma da China.
STF decide sobre atuação da polícia de São Paulo e interfere na gestão de Tarcísio
Esquerda tenta mudar regra eleitoral para impedir maioria conservadora no Senado após 2026
Falas de ministros do STF revelam pouco caso com princípios democráticos
Sob pressão do mercado e enfraquecido no governo, Haddad atravessa seu pior momento