No princípio é o caos. Não importa se a jornada será de três meses ou de dois anos. Assim foi com a organização da expedição De Mochila pela Ásia que começa esta semana e vai percorrer oito países/regiões do Oriente, ao longo de sete meses.
É preciso estudar e definir o roteiro, levando em consideração prazos, clima e épocas; batalhar apoios e patrocínios; estabelecer a identidade, conceito e comunicação da expedição; fazer “checkups” e tomar vacinas; pesquisar passagens e pontos de início, sempre de olho na variação do dólar; comprar, preparar ou substituir equipamentos e adaptar-se a novas tecnologias; adquirir moeda; solicitar vistos; organizar documentos; contratar seguro saúde; levantar informações e preparar a mochila. E tudo sempre se desdobra em inúmeros detalhes.
Essa não é uma viagem de férias, turismo ou de descanso. É de exploração, de busca e de documentação. Uma jornada jornalística, cultural e de aventura.
O mais complexo é preparar o que fica: a microempresa, os negócios familiares, as contas e finanças e, principalmente, as relações afetivas.
Nos momentos finais, a vida cotidiana gruda na psique, no corpo e nos minutos para te impedir de seguir adiante. Pessoas queridas apresentam agendas de última hora ou transmitem, inconscientemente, uma vibração que tenta conter o avanço. Talvez, para os casais ou grupos de amigos que viajam juntos seja mais fácil. Eu sigo só, de mochila e em sistema multimodal de transporte, sempre por terra e por água, sem voos.
Quem sabe, quando se tem vinte e poucos anos e nenhum compromisso, seja mais simples. Acabo de completar 49 anos, vivo uma eterna negociação conjugal, deixo filha e pai quase nonagenário e, apesar de toda a minha dedicação à família, sinto que a vida pessoal e os sonhos devem ser realizados. Do contrário, seria perder minha alma.
Quando se parte sozinho, tendo laços íntimos na origem, a força para o primeiro arranque tem que ser maior. Em algumas horas, hercúlea, até.
Sinto dor de cabeça leve, mas constante. Após ler a tomografia o médico disse que vou precisar de nova cirurgia no nariz. As sinusites terão que ser administradas ao longo do percurso, sob abruptas variações térmicas.
“As pessoas sabem das cervejas que você toma, mas desconhecem os perrengues por que passa”, sintetizou com precisão o amigo e treinador Marcelo Barreto, campeão mundial de Taekwondo e faixa preta em várias modalidades.
A preparação é um teste de esforço e paciência. As horas passam mais rápido, o trânsito fica mais crítico, o corpo apresenta cansaço. As tarefas são vencidas em sequência, mas a lista de pendências só faz aumentar.
Já enfrentei isso tudo, antes de outra expedição de longo porte. Há dois anos percorri as três Américas, do sul do Peru ao centro-norte do Alaska. A vivência de um ano está relatada no livro recém-lançado “De Mochila pelas Américas – Histórias, Reflexões e Experiências” (www.ikeweber.com).
Enfim, logo mais chegará o embarque. E uma vez em solo oriental, vou conviver com uma cultura totalmente diferente. Rica e diversificada.
Seguramente, as experiências serão variadas. A região conserva história; apresenta desenvolvimento econômico, mas também governos autocráticos; ousa na culinária; revela cenários estupendos; preserva ritos milenários e templos magníficos. É mestra na espiritualidade.
Vou com luta e sigo com fé. Aqui neste espaço pretendo te contar sobre novas aventuras. Espero que você me acompanhe, que siga comigo.
Até breve.
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