Uma pesquisa realizada pelo Instituto Paraná Pesquisas mostra que para 75,8% dos brasileiros, a operação Lava Jato, deflagrada em 2014 pela Polícia Federal, é positiva para o país. Apenas 17,5% dos entrevistados acham que as investigações são negativas.
A operação tem maior apoio da população da região Sul do país, onde 81,9% dos entrevistados afirmaram que as investigações são positivas. Nas regiões Norte, Nordeste e Centro Oeste, a Lava Jato tem o apoio de cerca de 74% da população. No Sudeste a taxa de apoiadores da Lava Jato é de 75%. O Nordeste, por outro lado, é a região do Brasil que concentra o maior número de pessoas que acham que operação é negativa: 20,9%.
Em relação a influência da Lava Jato na situação econômica, porém, a maioria dos brasileiros – 41,9% – acha não tem como relacionar as duas coisas. Para 32% dos entrevistados as investigações colaboram para uma melhora na situação econômica do Brasil. Já 24% dos brasileiros acreditam que as investigações de corrupção na Petrobras interferem negativamente na economia.
O número mostra que o discurso de que a Lava Jato é responsável pela crise econômica que o país enfrenta não pegou. Em um discurso no mês passado, o ex-presidente Lula sugeriu que as centrais sindicais cobrem do juiz Sérgio Moro a “estimativa” do suposto prejuízo econômico causado pela Operação Lava Jato. “É possível combater a corrupção sem fechar empresa?”, questionou o ex-presidente.
“A operação de combate a corrupção é uma necessidade para esse país. Mas é bom vocês se reunirem, fazerem uma pesquisa, por que quando tudo isso terminar pode ter muita gente presa, mas pode ter muito desempregado nesse país”, disse o ex-presidente aos sindicalistas.
A posição de Lula foi duramente criticada por diversas entidades. O presidente da Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe), Antonio César Bochenek, saiu em defesa da operação e lembrou que as investigações já ajudaram a recuperar mais de R$ 3 bilhões aos cofres públicos.
O presidente da Associação Nacional de Procuradores da República (ANPR), José Robalinho Cavalcanti, chegou a dizer que que o ex-presidente se apequenava ao atribuir a crise econômica à Operação Lava Jato.
Já o presidente da Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF), Carlos Eduardo Sobral, lembrou que atos de corrupção encarecem serviços e produtos e que a Lava Jato pode contribuir para tornar mais saudável a relação entre o público e o privado no Brasil.
Mudança de governo
A pesquisa também mostra que na percepção do brasileiro a Lava Jato não será abafada em caso de um possível governo Temer. Para 46% dos entrevistados, caso o vice-presidente Michel Temer (PMDB) assuma o governo no lugar de Dilma, a Lava Jato vai continuar como está. Outros 25% acreditam que a operação poderá enfraquecer, enquanto 24% da população acredita que Temer deverá fortalecer as investigações de corrupção.
A percepção vem acompanhada de uma cobrança. Para 68,9% dos brasileiros, caso Temer assuma a presidência, a primeira medida em relação à Lava Jato deveria ser ajudar para que a investigação apure mais casos de corrupção. Outros 16% dos entrevistados acham que Temer deveria deixar as investigações como estão, enquanto 13% acreditam que a primeira medida de um governo Temer deveria ser ajudar a diminuir o alcance das investigações.
O Paraná Pesquisas ouviu 2.044 habitantes em 162 municípios brasileiros entre os dias 03 e 06 de abril de 2016. O nível de confiança da pesquisa é de 95%, com margem de erro de 2% para mais ou para menos.
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