Um dos anexos da denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), usada também para tornar a mulher dele, Claudia Cruz, ré da Lava Jato traz uma informação curiosa: um documento de oito páginas com um pedido de análise de transferência de recursos em nome do parlamentar identificadas na base de dados do caso Banestado. E há registros de três movimentações suspeitas. Duas delas, de setembro de 2000 e de um ano depois, no valor de US$ 11,5 mil cada uma, referem-se a pagamentos feitos a Cunha no exterior por uma conta no Beacon Hill. “Em ambas as transações financeiras aparece junto ao nome de Eduardo Cunha a palavra policy (política)”, observa o documento. Já o outro registro de pagamento identificou uma movimentação financeira que teve como ordenante uma empresa chamada “Netherton Limited” que transferiu, em agosto de 1998, US$ 60 mil dólares de sua conta no Citibank para o MTB Bank de Nova Iorque. Conforme a denúncia contra o parlamentar, Cunha é proprietário de contas do truste Netherton. Todas as contas citadas estão ligadas a doleiros envolvidos no caso Banestado.
Filha na mira
Por enquanto, a filha de Cunha, Daniele Ditz, não foi denunciada na Lava Jato. Segundo o MPF, porém, as investigações vão prosseguir em relação a Daniele e a outros investigados.
Vai ter se explicar
Citado em delação premiada de um dos executivos da Andrade Gutierrez, o economista e ex-ministro da Fazenda do Regime Militar Delfim Netto foi intimado para prestar esclarecimentos na Polícia Federal (PF), em Curitiba, sobre assuntos ligados à operação Lava Jato. Ele terá que justificar o pagamento de R$ 240 mil em espécie recebidos por serviços de consultoria prestados à Odebrecht. O inquérito tramita em sigilo, e não há data definida para a oitiva. A defesa do economista nega que tenha havido irregularidade na prestação do serviço.
Arquivo
A Corregedoria Regional da Justiça Federal da 4ª Região arquivou na última sexta-feira (10) as cinco reclamações disciplinares contra o juiz federal Sérgio Moro responsável pelos processos da Lava Jato. Os pedidos questionavam a falta de manutenção do sigilo de gravações envolvendo o ex-presidente Lula e a presidente afastada Dilma Rousseff (PT) e a realização de interceptações sem autorização judicial. Conforme o corregedor regional, desembargador federal Celso Kipper, as decisões de Moro foram devidamente justificadas. “Não trouxeram qualquer prova de que sua atuação [de Moro] pudesse configurar falta disciplinar”, disse.
Frase
“Os criminosos antigos usavam testas de ferro e laranjas. Os criminosos modernos usam offshores e trustes para esconder dinheiro de propina”, do procurador Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba, sobre a estratégia utilizada pelo deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) para esconder dinheiro ilícito no exterior.
Colaborou: Laura Beal Bordin