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Fernandinho Beira-Mar em um de seus julgamentos, em 2013, no Rio de Janeiro. Foto: Alessandro Costa - Agência O Dia

Fernandinho Beira-Mar em um de seus julgamentos, em 2013, no Rio de Janeiro. Foto: Alessandro Costa – Agência O Dia

Considerado um dos maiores traficantes de drogas da América Latina, Luiz Fernando da Costa, mais conhecido como Fernandinho Beira-Mar, é citado na peça inicial do Ministério Público Federal (MPF) referente a 27ª fase da operação Lava Jato, a Carbono 14, deflagrada na sexta-feira passada (1º).

No documento, os procuradores expõem os motivos que justificariam a prisão e a busca e apreensão sobre o empresário de Santo André, Ronan Maria Pinto. Ronan teria ameaçado líderes do PT e, por isso, recebeu quase R$ 6 milhões do partido – o dinheiro faz parte de um empréstimo obtido ilicitamente pelo pecuarista José Carlos Bumlai com o banco Schahin.

A verba teria sido utilizada por Ronan para aquisição do jornal Diário do Grande ABC com o objetivo de abafar notícias de sua possível participação no assassinato do então prefeito de Santo André, Celso Daniel. O empresário foi condenado por concussão e corrupção ativa por desvios de recursos da prefeitura da cidade por meio de serviços de ônibus e lixo.

Na parte em que explicam o envolvimento de Ronan no esquema de corrupção de Santo André, os procuradores da Lava Jato comentam que o caso repercutiu na CPI dos Bingos em 2006. “Na época, descobriu-se uma conexão entre o pagamento de vantagem indevida para exploração do jogo ilegal no Mato Grosso e o esquema de corrupção de Santo André que, em tese, tinham os mesmos operadores: [os ex-ministros] Gilberto Carvalho e José Dirceu, como também o mesmo destino: o caixa 2 das campanhas políticas do Partido dos Trabalhadores”.

Os procuradores citam então o depoimento da cozinheira Zildete Leite dos Reis e do segurança Joacir na CPI dos Bingos. Ambos trabalhavam para o ex-bicheiro mato-grossense João Arcanjo Ribeiro, o Comendador Arcanjo, na Estância 21. Arcanjo Ribeiro seria responsável por lavar parte do dinheiro da prefeitura de Santo André. Atualmente, ele está preso pela prática de inúmeros crimes, incluindo assassinatos.

Zildete afirmou a CPI que viu participar de reuniões na fazenda, entre outras pessoas, o presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, os ex-dirigentes petistas, Antônio Palocci e José Dirceu, e Sérgio Gomes da Silva, o Sergio Sombra, braço-direito de Celso Daniel. Ela afirmou ainda que viu passar pela fazenda “Fernandinho Beira-Mar e outros políticos estaduais”.

O objetivo dos procuradores com a transcrição do depoimento de Zildete e Joacir era ligar o esquema de corrupção em Santo André com José Dirceu e Gilberto Carvalho – que teriam recebido o dinheiro desviado da prefeitura para o PT – com a “encomenda da morte” de Celso Daniel por Sombra, relacionando-o a Ronan Maria Pinto.

Fernandinho Beira-Mar está preso desde 2002. Ele passou pelo presídio de Catanduvas, no Paraná e, desde 2012, está em um presídio federal em Porto Velho (RO). O ex-traficante acumula penas que somam quase 320 anos de prisão, por diversos crimes, incluindo homicídio e tentativa de homicídio.

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