O ex-diretor da área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró vai deixar a carceragem da Polícia Federal nesta sexta-feira (24). Ele vai à Justiça Federal nesta quinta-feira (23) para colocação da tornozeleira eletrônica para passar a cumprir prisão domiciliar, em Itaipava (RJ).
Cerveró foi preso na 8ª fase da Lava Jato, em janeiro de 2015, depois de desembarcar de uma viagem ao exterior com a família. No final do ano passado, Cerveró firmou acordo de colaboração premiada para auxiliar as investigações da Lava Jato. Segundo o acordo, Cerveró vai cumpri um ano e meio de prisão em regime domiciliar fechado e mais um ano e meio no regime semiaberto.
Um dos advogados de Cerveró chegou a ser preso em novembro do ano passado por tentar atrapalhar as investigações. O advogado Edson Ribeiro foi preso em uma operação da Lava Jato em Brasília, junto com o ex-senador Delcídio do Amaral.
De acordo com gravações feitas pelo filho de Cerveró, Bernardo Cerveró, Edson Ribeiro, Delcídio Amaral, seu chefe de gabinete Diogo Ferreira e o banqueiro André Esteves bolavam um plano de fuga para o ex-diretor, para que ele não firmasse um acordo de colaboração premiada com a Justiça.
Nos depoimentos de delação premiada, o ex-diretor cita três ex-presidentes ao explicar como funcionava o acerto de propina e a troca de favores para mantê-lo no cargo: Fernando Collor (PTB), Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e Lula (PT). Ele também afirmou que o presidente do Senado Renan Calheiros (PMDB), o ex-senador Delcídio Amaral (PT) e o presidente afastado da Câmara Eduardo Cunha (PMDB) receberam dinheiro do esquema.
Cerveró também deu detalhes sobre a contratação da empresa Schahin para operar um navio-sonda. A contratação da Schahin tinha como objetivo, segundo Cerveró a quitação de um empréstimo do PT com o banco do mesmo grupo. A investigação deste empréstimo levou à prisão o pecuarista José Carlos Bumlai e, posteriormente, do empresário Ronam Maria Pinto – envolvido no caso Celso Daniel, ex-prefeito de Santo André que foi assassinado.
O ex-diretor afirma, ainda, que a presidente Dilma Rousseff (PT) foi responsável pela compra da Refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos. A compra teria causado prejuízo à Petrobras.
Cerveró foi condenado em duas ações da Lava Jato pelo juiz federal Sergio Moro. Na primeira ação, referente a cobrança e aceitação do pagamento de propina por contratos da Petrobras, Cerveró foi condenado a 12 anos e três meses de prisão em regime fechado. Em outra ação, ele foi condenado a 5 anos por lavagem de dinheiro.
Cerveró é o segundo preso da Lava Jato a deixar a carceragem da PF nessa semana. Na segunda-feira (20), a doleira Nelma Kodama deixou a prisão depois de firmar acordo de delação premiada. Ela estava presa desde a deflagração da Lava Jato, em março de 2014, e passou a cumprir prisão domiciliar.
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