Duas empresas ligadas ao ex-secretário geral do PT Silvio Pereira receberam juntas cerca de R$ 1,2 milhão do esquema de corrupção da Petrobras, segundo o juiz federal Sergio Moro. Pereira foi preso na manhã desta sexta-feira (1) na Operação Carbono 14, 27ª fase da Lava Jato.
No despacho que determinou a prisão, Moro afirma que o Ministério Público Federal (MPF) identificou “possíveis pagamentos de vantagem indevida” ao ex-secretário do PT. “Aponta o MPF que foram identificados depósitos efetuados por intermediadores de propinas em contratos da Petrobras para duas empresas que contam com a Participação de Silvio José Pereira no quadro social”, explica o juiz.
A DNP Eventos Ltda – Me, da qual Silvio Pereira é sócio gerente, com 90% das cotas, recebeu R$ 961,2 mil entre 2009 e 2012. Entre os depositantes estão os operadores e colaboradores da Lava Jato Julio Camargo e Augusto Mendonça, além das empreiteiras investigadas OAS e UTC.
Já a Central de Eventos e Produções Ltda – EPP, da qual o ex-secretário do PT é dono de 15% das cotas, recebeu R$ 280,3 mil. Parte do dinheiro foi repassada pelo operador Adir Assad. Outro montante foi repassado por Julio Cesar dos Santos e pela TGS Consultoria. Segundo Moro, Santos era subordinado do ex-ministro José Dirceu “e o teria ajudado a ocultar e dissimular patrimônio de origem ilícita, inclusive utilizando a referida empresa TGS”.
“Portanto, além da referência a Silvio José Pereira como envolvido na destinação de recursos a Ronan Maria Pinto, também há prova documental de que suas empresas receberam valores de pessoas e empreiteiras já condenadas no esquema criminoso da Petrobrás por pagamento ou intermediação de propinas a agentes públicos, o que reforça a causa provável em relação a ele”, ressalta Moro para justificar a prisão temporária de Pereira.
Land Rover
O juiz também faz menção no despacho a emblemática Land Rover que Silvio Pereira teria recebido de presente da empreiteira GDK, também investigada na Lava Jato. Segundo Moro, “é possível que se trate de pagamento de propinas relacionadas à obtenção de contratos pela GDK Engenharia junto à Petrobras, eventualmente pelo aparente direcionamento da licitação para obras do módulo 1 da Unidade de Tratamento de Gás de Cacimbas”.
Em 2004, o nome de Silvio Pereira apareceu no centro de esquemas de corrupção quando tornou-se pública a informação que ele recebeu de presente um Land Rover no valor de R$ 73,5 mil da empreiteira GDK – fato que o levou a ser chamado de “Silvinho Land Rover”. A suspeita era de que ele tivesse recebido o veículo em troca de facilitação da contratação da empresa pela Petrobras.
Silvio Pereira deixou o PT em 2008, depois de fazer uma espécie de acordo de colaboração premiada no caso do mensalão.
O nome do ex-petista voltou a aparecer em fevereiro desde ano, já nas investigações da Lava Jato. O ex-ministro José Dirceu, em depoimento ao juiz federal Sergio Moro, disse que Silvio Pereira foi o responsável pela indicação do ex-diretor da Petrobras Renato Duque, investigado pela Lava Jato.
O lobista e colaborador Fernando Moura também citou o nome de Pereira. Ele afirmou, em depoimento, ter sido informado de que o ex-secretário do PT recebia “um cala-boca”, ou seja, um dinheiro que garantiria seu silêncio a respeito de irregularidades, de duas empreiteiras sob investigação, a OAS e a UTC.
Segundo o despacho de Moro, a UTC pagou R$ 308,6 mil em 2011 a empresa DNP. Já a OAS realizou o pagamento de R$ 486,1 entre 2009 e 2011 para a mesma empresa, que é controlada pelo ex-petista.