O delegado da Polícia Federal Luciano Flores disse nesta segunda-feira (23) que espera uma mudança de mentalidade depois da Lava Jato. Ele disse que o fato do ex-assessor do PP João Cláudio Genu ter continuado a receber propina mesmo depois de condenado no Mensalão é um “deboche” com a Justiça brasileira.
“Havia um extremo deboche da Justiça Criminal brasileira, dos órgãos de investigação. Hoje esperamos que esse deboche tenha dado lugar ao respeito às instituições, que devem ter autonomia para investigar, e ao Poder Judiciário, que está fazendo bem seu papel em todas as instâncias”, disse o delegado.
“Esperamos que essa impunidade que antes havia no pensamento dos criminosos, hoje dê lugar para o medo de ser preso por ter roubado os cofres públicos e dê lugar para o medo de que a investigação no Brasil é efetiva e que o Poder judiciário condena e mantém preso quem tem que se manter preso, como são essas pessoas que cometem reintegradas vezes os mesmos crimes mesmo estando condenados recentemente”, completou.
De acordo com as investigações, mesmo depois de condenado no Mensalão, Genu teria recebido pelo menos R$ 2 milhões em propina de contratos da Petrobras. “Se for preciso a gente vai continuar pedindo a prisão desses reincidentes para que definitivamente os políticos brasileiros, os corruptores e todos aqueles que optaram por uma vida criminosa comecem a acreditar que o Brasil, pelo menos a partir da Lava Jato, é capaz de punir os criminosos e manter na prisão aqueles que não têm condição de continuarem soltos porque praticam sempre os mesmos crimes”, afirmou o delegado.
A operação Repescagem, deflagrada hoje pela PF, tem como alvo Genu e pessoas ligadas a ele. Genu foi assessor do ex-deputado José Janene, morto em 2010. A PF afirma que, junto com Janene, ele foi um dos mentos do esquema Mensalão.
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