Um incêndio atingiu na noite desta quinta-feira (31) o escritório de contabilidade Arbor Contábil, que pertence a ex-contadora do doleiro Alberto Youssef Meire Poza. O Corpo de Bombeiros ainda apura as causas do incêndio, que começou por volta das 22 horas.
De acordo com Meire, ninguém estava no local no momento do acidente. Atualmente, o escritório tem cerca de 50 clientes e conta com quatro funcionários. A contadora garante que nenhum documento referente à operação Lava Jato se perdeu no incêndio.
“Não tinha mais nada. Tudo já havia sido entregue ao delegado Márcio Anselmo”, disse Meire em entrevista ao blog. “Só estava a documentação dos meus clientes, documentos do dia a dia”, completou.
A contadora diz que ficou sabendo do incêndio apenas hoje pela manhã, ao acessar um site de notícias. “Eu estou de cama, estou mal, super dor de cabeça. Estou passada”, disse a contadora. “Eu não consegui pensar ainda. Não consegui colocar a cabeça em ordem, raciocinar”, completou.
Meire disse que ainda não é possível saber a extensão dos danos porque o local estava interditado para perícia.
Retaliação
A contadora não soube dizer se o incêndio pode ter sido uma forma de retaliação. Desde o início da operação, Meire colabora com as investigações da Lava Jato e já foi ouvida como testemunha em diversos processos. Ela era contadora do doleiro Alberto Youssef, preso na deflagração da operação, em 2014. Apesar de ser responsável pela emissão de diversas notas fiscais frias, Meire nunca foi denunciada na Lava Jato.
“A gente não sabe se [o incêndio] foi acidental, estamos aguardando o laudo da perícia”, disse. A contadora chama a atenção para uma coincidência. “Isso aconteceu logo depois do lançamento do livro, contando a minha trajetória na Lava Jato. O lançamento foi dia 17 de março”, disse Meire. “Eu imagino que tenha sido acidental, mas são muitas coincidências”, disse Meire. Meire Poza é a principal personagem do livro “Assassinato de Reputações II – Muito Além da Lava Jato”, de Romeu Tuma Jr.
A contadora nunca fez questão de manter a discrição na Lava Jato. Todas as vezes que compareceu à Justiça Federal de Curitiba, concedeu entrevistas à imprensa ao deixar as audiências. Ela deu detalhes de operações realizadas pelo doleiro Alberto Youssef para mascarar dinheiro desviado da Petrobras. Meire foi ouvida em processos relacionados a empreiteiras e ex-políticos envolvidos na Lava Jato.
Operação Carbono 14
O nome de Meire Poza aparece duas vezes no despacho do juiz federal Sergio Moro que determina as prisões temporárias desta sexta-feira (1) na deflagração da Operação carbono 14 – 27ª fase da Lava Jato. No documento, o juiz diz que um contrato de mútuo entre as empresas 2S Participações Ltda., de titularidade de Marcos Valério, e a empresa Remar Agenciamento e Assessoria Ltda, de Oswaldo Rodrigues Vieira Filho, foi apreendido no escritório de Meire. O contrato de R$ 6 milhões foi realizado em outubro de 2010. Em seguida, Moro diz que Enivaldo Quadrado, condenado no Mensalão, foi ouvido pela força-tarefa e afirmou que foi ele quem entregou o contrato para que Meire Pozza o guardasse na Arbor Contábil.
Nessa fase da Lava Jato, a força-tarefa investiga o repasse de R$ 6 milhões para o empresário Roman Maria Pinto, um dos investigados por corrupção na Prefeitura de Santo André, no interior paulista. Roman teria recebido o montante depois de chantagear petistas ameaçando envolvê-los no caso do assassinato do ex-prefeito da cidade Celso Daniel (PT), morto em circunstâncias até hoje mal explicadas.
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