A Operação Lava Jato traz de volta à tona personagens que já são velhos conhecidos em esquemas de corrupção, como o caso Mensalão. Nesta segunda-feira (23) a Polícia Federal prendeu o ex-assessor do PP João Cláudio Genu, acusado de receber pelo menos R$ 2 milhões de propina de contratos da Petrobras. Genu faz parte do “elenco” do Mensalão. Ele foi denunciado, acusado de sacar cerca de R$ 1,1 milhão de propinas em espécie de contas controladas por Marcos Valério.
Desde o início da operação Lava Jato, personagens do Mensalão voltam a ser o centro das investigações, como o ex-deputado José Janene (PP – morto em 2010). Apesar dos mesmos personagens, a força-tarefa da Lava Jato garante que o Mensalão e o Petrolão não são um esquema só, e que a Lava Jato não é necessariamente a evolução do Mensalão.
“Eles [os dois esquemas] se cruzaram em uma determinada linha, em um ponto da estrada, mas ele [Petrolão] não começou no Mensalão”, garante o delegado da Polícia Federal Luciano Flores. “Não é o mesmo caso, são casos distintos, contudo os personagens acabam se repetindo”, disse.
Durante a Lava Jato, de acordo com os investigadores, o modo de atuar no Mensalão foi aplicado na Petrobras. “O know-how do Mensalão, como a gente viu nessa fase, foi seguido, saiu para outras estatais e se instalou na Petrobras em razão do grande fluxo de dinheiro que essa empresa oferecia para que fosse loteada para que determinados políticos sugassem o dinheiro público dela”, disse Flores.
Além de Genu, outros personagens da Lava Jato já haviam sido investigados no Mensalão. Confira alguns:
José Janene: Janene foi um dos pivôs do esquema do Mensalão. Ele é suspeito de ter recebido R$ 4,1 milhões do esquema. Na Lava Jato, foi o responsável pela indicação do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa e de organizar a partilha da propina obtida por contratos na estatal entre parlamentares do PP.
José Dirceu: Dirceu estava preso cumprindo pena do Mensalão quando teve uma nova prisão decretada por envolvimento na Lava Jato. Na semana passada, o ex-ministro foi condenado pelo juiz federal Sergio Moro a 23 anos de prisão pelo esquema na Petrobras, do qual a força-tarefa o acusa de ser o mentor do esquema.
Pedro Corrêa: o ex-deputado presidia o PP e foi apontado como um dos líderes do mensalão do partido. Seu assessor, João Claudio Genu, também envolvido na Lava Jato, teria sacado R$ 700 mil das contas de Marcos Valério com sua autorização. Foi condenado por lavagem de dinheiro e corrupção passiva, com pena de 7 anos e 2 meses de prisão, e pagamento de multa de R$ 1,13 milhão. Preso em dezembro de 2013, progrediu para o regime semiaberto, mas acabou detido novamente em 2015 por envolvimento na Lava Jato. Ele já foi condenado pelo juiz Sergio Moro pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro a 20 anos, três meses e dez dias de reclusão e, conforme se noticiou, negocia acordo de delação premiada.
Marcos Valério: réu com a maior condenação no caso Mensalão (37 anos), seu nome voltou à tona na Lava Jato recentemente, com a descoberta de envolvimento do publicitário na lavagem de dinheiro repassado do PT para o empresário de Santo André, Ronan Maria Pinto. Ele é um dos denunciados na ação que envolve o empresário na Lava Jato.
Enivaldo Quadrado: Foi condenado por lavagem de dinheiro no esquema do Mensalão. Na Lava Jato, foi apontado como um dos laranjas do doleiro Alberto Youssef.
Silvio Pereira: Foi apontado como um dos articuladores do Mensalão. Ele foi pego com uma Land Rover que custava R$ 74 mil à época e que teria sido presente de um sócio da empreiteira GDK –prestadora de serviços da Petrobras que também é alvo da Lava Jato. Na Lava Jato, foi preso temporariamente na Operação Carbono 14, que investigou o assassinato do ex-prefeito de Santo André Celso Daniel.
Delúbio Soares: Foi condenado no Mensalão por corrupção ativa e formação de quadrilha, mas acabou tendo a pena perdoada pelo STF. Delúbio foi acusado por Roberto Jefferson de repassar propina a deputados do PP e do PL. Na Lava Jato, também foi alvo da operação Carbono 14.
Eduardo Cunha: Hoje investigado na Lava Jato por receber propina por contratos da Petrobras, Cunha também esteve envolvido no escândalo do Mensalão. Ele foi ligado a denúncias de desvio de recursos da Prece, o fundo de pensão da Companhia de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro. Os desvios estavam ligados ao Mensalão.