Multidão se reúne em torno do carro de som onde Bolsonaro discursava, na Avenida Paulista, neste 7 de setembro. FOTO: Luisa Purchio/Gazeta do Povo| Foto: Luisa Purchio/Gazeta do Povo
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Hoje vi dois "Brasis". O primeiro era o Brasil de Lula, do PT, de Alexandre de Moraes e do Supremo Tribunal Federal (STF), o mais autoritário da nossa história. Nesse Brasil, as autoridades participam dos festejos de 7 de setembro enclausuradas em um camarote, sem povo, sem vida. Muito poder, mas pouca gente. Não há pessoas nas ruas: o presidente desfila no carro oficial, seguido apenas por seguranças e militares. Ninguém nas ruas para comemorar ou assistir ao desfile. Só há silêncio, poeira e vazio. Um imenso vazio.

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O outro Brasil coloriu de verde e amarelo a Avenida Paulista, lotada de pessoas de todas as idades, profissões e regiões do país. Idosos, pais, mães, crianças, todos vestindo a camiseta da seleção, carregando faixas e cartazes, e bradando palavras de ordem. Participavam de uma grande festa cívica em nome da liberdade, mesmo que não houvesse muito a comemorar. Talvez, porém, esse 7 de setembro tenha nos dado um motivo: pela primeira vez, centenas de milhares de brasileiros foram às ruas pedir o impeachment do ministro Alexandre de Moraes, do STF.

O que vi foi uma direita unida. Havia políticos e filiados do Partido Liberal (PL), do Partido Novo, do Republicanos e muitos sem filiação, mas todos com o mesmo sangue verde e amarelo, compartilhando valores e princípios comuns. Vi, com felicidade, um momento de união suprapartidária, com pessoas se reunindo por um objetivo: dar um basta na tirania judicial que vivemos desde 2019, quando as chaves do Brasil foram entregues a Moraes e nunca mais resgatadas para o povo.

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Subi no caminhão do jornalista Marco Antônio Costa, um dos organizadores dessa e de tantas outras manifestações pela liberdade. Vi o quanto Marco trabalhou nos últimos meses para mobilizar um povo que já mostrou saber como fazer grandes manifestações, como nas jornadas de julho de 2013, durante a Lava Jato e pelo impeachment de Dilma Rousseff. O desafio foi grande, pois muitos estavam com medo das mesmas arbitrariedades que os presos políticos do 8 de janeiro enfrentam. Entretanto, as imagens deste 7 de setembro mostram que tudo valeu a pena.

Vi, com felicidade, um momento de união suprapartidária, com pessoas se reunindo por um objetivo: dar um basta na tirania judicial que vivemos desde 2019

Cantamos o hino nacional, o verdadeiro, não aquela deturpação grotesca da esquerda woke e identitária, cantada por Lula e Guilherme Boulos em linguagem neutra, sem qualquer vergonha. Não se ouviu “Des files deste sole és mãe gentil” hoje. Depois do hino, o primeiro a falar foi o jornalista americano Michael Shellenberger, que, ao lado de Eli Vieira e David Agápe, revelou os "Twitter Files Brasil", que deram início à queda de Moraes. Michael compartilhou nas redes sociais o receio de ser preso ao vir para o Brasil, tal é o medo gerado pelos abusos de Moraes.

“A ideia de censurar discursos para proteger a democracia está no mesmo nível de outras ideias orwellianas, como ‘guerra é paz’ e ‘escravidão é liberdade’”, disse Michael, resumindo perfeitamente nosso cenário atual, de fato orwelliano. No nosso caminhão, também discursaram Marcel van Hattem, Cristina Graeml, Adrilles Jorge, Marina Helena, Carla Zambelli, doutor Sebastião Coelho e Homero Marchese. O sambista carioca Boca Nervosa, que tive o privilégio de conhecer, puxou o coro de “Fora Xandão!”. O próprio Marco Antônio Costa fez um discurso contundente, ressaltando que os brasileiros só terão paz quando Moraes for removido do STF e seus abusos forem corrigidos.

Quando tive a palavra, falei de coração aos brasileiros presentes: “Hoje, 200 anos depois do grito de independência ou morte, é hora de darmos um novo grito: ‘Impeachment de Alexandre de Moraes já!’. Se queremos liberdade, o momento de lutar é agora. Se queremos acabar com a corrupção, a hora é agora. Se queremos vencer a censura, a hora é agora! Se queremos mudar o país, não é em 2026, é agora!”

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Depois, atravessei a multidão para o outro caminhão, onde falaram Nikolas Ferreira, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, o pastor Silas Malafaia, e o ex-presidente Jair Bolsonaro. Malafaia, como esperado, fez o discurso mais forte e incisivo, afirmando que “Alexandre de Moraes deve sofrer impeachment e ir para a cadeia. Lugar de criminoso é na cadeia”.

Malafaia, ciente do caos jurídico que vivemos, destacou que não estava caluniando ninguém, apenas apontando as leis e artigos da Constituição que Moraes viola diariamente. E mandou um recado ao STF: “O Supremo Tribunal Federal não é uma confraria de amigos para proteger criminosos.” Nas entrelinhas, todos entendemos o que ele quis dizer: o STF “não deve ser” uma confraria de amigos para proteger criminosos e perseguir adversários. 

“Hoje, o mundo inteiro está de olho no nosso país, porque aqui temos o juiz mais tirânico do mundo, chamado Alexandre de Moraes”, disse Nikolas Ferreira, pedindo um grito de liberdade à multidão, que respondeu com força. O governador Tarcísio pediu anistia para os presos políticos do 8 de janeiro, enquanto Bolsonaro finalizou pedindo ao Senado que freasse os abusos de Moraes.

A hora é agora.