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Se o presidente do Senado fosse Eduardo Girão em vez de Rodrigo Pacheco, Clezão poderia estar vivo. Débora Rodrigues estaria em casa com seus dois filhos pequenos, em vez de encarcerada há mais de 400 dias pelo gravíssimo crime de pichar uma estátua com batom. Filipe Martins não teria sido preso com base em uma fraude ou, se fosse, não permaneceria detido além do prazo legal de 35 dias.
Bolsonaro não teria sido impedido de viajar aos Estados Unidos para a posse de Donald Trump, nem estaria inelegível. Cidadãos comuns, jornalistas, políticos de direita e veículos de imprensa não estariam sendo censurados, como Lacombe e a revista Timeline foram nesta semana. O STF não teria atropelado o Congresso para legalizar a posse de drogas para uso pessoal nem teria ampliado as condições para o aborto no país.
Se o presidente da Câmara dos Deputados fosse Marcel van Hattem em vez de Arthur Lira, a CPI do Abuso de Autoridade do TSE e do STF já teria sido instalada. Abusos como aquele contra a família Mantovani que bateu boca com Moraes no aeroporto de Roma não teriam acontecido. Nikolas Ferreira e o próprio Marcel não estariam respondendo a inquéritos por suas falas e opiniões protegidas pela Constituição. Os presos do 8 de janeiro não estariam sendo esmagados com condenações injustas e desproporcionais.
As PECs que limitam os poderes monocráticos quase absolutos dos ministros do Supremo já teriam sido aprovadas. O foro privilegiado, instrumento de extorsão e chantagem do STF contra deputados e senadores, já teria sido extinto. A prisão em segunda instância teria avançado. A lei de improbidade administrativa, mutilada para frear a Lava Jato, teria sido fortalecida, em vez de destruída. O impeachment de Lula já estaria em andamento.
Tudo isso poderia acontecer se a sociedade, farta de tantos abusos, se mobilizasse maciçamente em torno das candidaturas de Eduardo Girão e Marcel van Hattem para a presidência do Senado e da Câmara dos Deputados, respectivamente. Eles enfrentam as candidaturas de Davi Alcolumbre e Hugo Motta, que já consolidaram uma ampla coalizão de apoio com dezenas de partidos.
Ambos representam a continuidade das gestões atuais, marcadas pela troca descarada de votos de parlamentares em favor dos projetos do governo em troca de emendas bilionárias e pela blindagem covarde de ministros do STF que nos dão evidências de crimes de responsabilidade rotineiramente, como Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes.
Tudo isso poderia acontecer se a sociedade, farta de tantos abusos, se mobilizasse maciçamente em torno das candidaturas de Eduardo Girão e Marcel van Hattem
Uma parte da direita resiste à ideia de candidaturas independentes como as de Girão e van Hattem, com o argumento de que, sem os votos necessários para vencer, o melhor seria se aliar ao lado vencedor e negociar espaços nas presidências de comissões importantes. Isso garantiria à direita poder suficiente para influenciar o jogo político até 2026. Trata-se de um argumento legítimo, pragmático e respeitável, mas com o qual não concordo, por pelo menos três razões essenciais. Além disso, como mostrarei, é um erro fatal.
A primeira é que já conhecemos Davi Alcolumbre e Hugo Motta. Ambos votam com o PT e o governo mais do que parlamentares do PSOL: Alcolumbre acompanhou o PT em 8 a cada 10 votações, enquanto Motta foi ainda pior: 9 em cada 10. Além disso, Alcolumbre é amigo pessoal de Alexandre de Moraes e de vários ministros do STF, a quem garantiu que não permitirá o avanço de nenhum pedido de impeachment no Senado. Já Motta prometeu ao PT, em troca do apoio da esquerda, que não pautará projetos relacionados à anistia dos réus do 8 de janeiro ou de Bolsonaro. Alcolumbre, aliás, já presidiu o Senado por dois anos e arquivou todos os pedidos de impeachment contra ministros do STF que chegaram ao seu gabinete. Já vivemos isso antes. Queremos repetir o erro?
A segunda razão é que apoiar Alcolumbre e Motta, candidatos do PT, da esquerda e do Centrão fisiológico, significa manter um projeto de poder sem compromisso real com o país, movido apenas pelo desejo insaciável de mais poder, dinheiro público e de preservação do establishment político. Isso perpetua o cenário atual: a direita sendo perseguida, silenciada e censurada, STF atropelando o Congresso, legislando e decidindo todas as questões nacionais de forma ativista, Lava Jato destruída, juízes e procuradores perseguidos, combate à corrupção inexistente e emendas bilionárias distribuídas sem critério para alimentar currais eleitorais e esquemas de corrupção. É esse o futuro que queremos para os próximos dois anos e, quem sabe, mais quatro ou seis?
A terceira razão é que, apesar do valor do pragmatismo, há momentos em que é necessário bater o pé e defender princípios inegociáveis. Desde quando ser de direita significa apoiar candidatos também apoiados pelo PT, pela esquerda e por ministros do STF? O apoio dessas figuras a Alcolumbre e Motta, por si só, deveria ser suficiente para que toda a direita os rejeitasse. Motta dizer que Gleisi Hoffmann é uma aliada confiável — ela que é presidente nacional do PT, mais conhecida como “Amante” nas planilhas de propina da Odebrecht — diz muito sobre como agirá no poder. Podemos perder, mas uma mobilização terá plantado sementes da mudança para o futuro.
O momento exige a defesa intransigente do impeachment de Alexandre de Moraes, da anistia aos presos políticos do 8 de janeiro, do impeachment de Lula, da CPI do Abuso de Autoridade, do fim do foro privilegiado e da prisão em segunda instância. Essas pautas são mais importantes do que qualquer cargo em comissões do Congresso.
Apoiar Alcolumbre e Motta é um erro fatal porque nenhuma dessas pautas, preste atenção, nenhuminha delas, vai ser aprovada com Alcolumbre e Motta na presidência das casas do Congresso, porque não basta aprovar um projeto na comissão. Ele precisa ser aprovado no plenário e quem controla o que será votado é o presidente. Apoiar Alcolumbre e Motta é um erro fatal porque ganhar com eles é perder.
“Ah, mas Alcolumbre vai ajudar a reverter a inelegibilidade de Bolsonaro”. Hoje, Daniela Lima disse que os ministros do STF riram dessa possibilidade, eles ironizaram, por duas razões. Alcolumbre tem “rabo preso” em investigações no STF e por isso jamais compraria essa briga com o STF. Além disso, se ele aprovar uma anistia, o STF anula. Sem um senado que enfrente o STF, não adianta de nada a “ajuda do Alcolumbre”.
Por isso, o momento é de mobilização: fazer campanha nas redes sociais, pressionar sem trégua deputados e senadores para que votem em Marcel van Hattem e Eduardo Girão.
É hora de fazer barulho e demonstrar a força da direita, a mesma força que barrou o PL da Censura, o PL da Globo e forçou o governo a recuar na ampliação da vigilância do Pix. É a hora de lutar contra a perseguição à direita, à família Bolsonaro, à família Mantovani, a Débora Rodrigues, a Lacombe, aos presos do 8 de janeiro. É hora de barrar a regulação das redes sociais e impedir que o ativismo do STF continue a atropelar o Congresso e legalizar aborto, drogas e o que mais eles quiserem.
A direita não pode recuar. Não pode aceitar mais dois anos de abusos, de derrotas. Se esperarmos as eleições para o Senado de 2026 para reagir, pode ser tarde demais, afinal, o STF e o TSE continuarão com um imenso poder para interferir nas próprias eleições, decidindo inelegibilidades, censurando conteúdos e mandando assessores usarem a criatividade para silenciar a direita. O resultado poderá ser, mais uma vez, um “perdeu, mané”.
Por tudo isso, com milhares de outros brasileiros, estamos lutando pelo que acreditamos e trabalhando para que os deputados e senadores votem em quem nos representa de verdade. Venha se unir a nós nas ações que estamos realizando nas redes sociais.