O Descontrole a partir de hoje terá uma nova seção, chamada Temporada a Temporada. A ideia é apresentar posts que falem separadamente sobre as diferentes temporadas de nossas séries favoritas. Para inaugurar o espaço, vamos lembrar um pouco do primeiro ano de um dos grandes programas da última década: 24 Horas.
Jack Bauer (Kiefer Sutherland) é um desses personagens que ficaram estigmatizados na tevê como um herói de direita, defensor da tortura e claramente sintonizado com a era Bush contra o terrorismo. A primeira temporada da série apresentava muitos desses elementos – por isso chegou a ter sua estreia adiada após os ataques do 11 de setembro.
A trama acompanhava o pior dia da vida de Bauer, um agende da Unidade Antiterrorismo de Los Angeles. Nos 24 primeiros episódios, que cobriam 24 horas na vida do personagem, o programa teve seu ápice. A ideia do tempo real nunca funcionou tão bem. Sutherland passa boa parte da temporada com fome, com sono e exausto. Seu personagem é um pai de família, que foi traído por alguém de sua unidade – aliado de um grupo de terroristas cuja agenda é desconhecida até as últimas horas do dia.
O realismo da série não é tangível apenas pelo tempo, mas também na densidade dos personagens. Bauer enfrenta bandidos que têm familiares, amigos e objetivos tão nobres quanto os do herói. A diferença é que eles estão do outro lado do tabuleiro. Talvez aí esteja o maior segredo da série: não ser fácil nas resoluções.
A morte dos vilões é dura, tem impacto emocional, político e social nos personagens. Algo agravado quando um dos pilares do programa é um candidato à presidência dos Estados Unidos, o Senador David Palmer (Dennis Haysbert).
Os últimos minutos do primeiro dia do personagem na série guardam uma tragédia, ruim o suficiente para mudar a personalidade do protagonista. O que fica ainda pior quando lembramos que ele passou o dia entrando e saindo de prisões, salvando a filha de encrencas e resgatando a mulher de agentes traidores. Foram tempos difíceis para Bauer – e que não vão melhorar…
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