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Vendo a exposição “Em Nome dos Artistas”, em São Paulo, cheguei à conclusão de que não deve ser lá muito divertido morar com Damien Hirst. Primeiro, porque sempre corre o risco de chegar em casa e descobrir que o animal de estimação da casa foi cortado ao meio e colocado em formol.

– Cadê o cachorro?

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– Ta no MoMA…

Hirst, o favorito da crítica, e principalmente do mercado de arte, tem uma coisa por bicho morto. Uma de suas obras mais famosas se chama “A impossibilidade da idéia da morte para um ser vivo”. E era um tubarão imerso em formaldeído.

Como a obra começou a apresentar problemas (de conservação do cadáver), Hirst, como se fosse o SAC de uma loja de departamentos, trocou o bicho por outro. Já pensou se tivesse sido ele a mumificar Lênin? Quantos sósias do revolucionário teriam de ter sido embalsamados até hoje?

Em São Paulo, as obras têm mais bichos mortos, cortados no meio. Uma vaca e um bezerro. Você pode andar entre dois mostruários de vidro, cada um com um hemisfério do bicho.

Hirst gosta de fazer coisas sobre mortes. Mata bichos grandes e pequenos. Entre os pequenos, por exemplo, moscas. Uma das telas expostas em São Paulo é um aglomerado de moscar mortas. Outra, uma grande circunferência de borboletas.

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Corpos humanos também interessam. (Outro motivo para ninguém querer morar com o cara, imagino). Cadáveres são expostos, crânios ganham adornos, inclusive de diamantes. Aliás, não deixa de ser curioso que um dos méritos de Hirst seja o de ter vendido uma peça por US$ 100 milhões – a peça era um crânio cravejado de 8.601 diamantes…

Se você quer ficar famoso como um artista “caro”, talvez seja um bom caminho. Faz um quadro com rubis, safiras, diamantes ou ouro mesmo e o valor sobe consideravelmente…

Claro que um pouco é ironia tola. Hirst é realmente celebrado e certamente há motivos para isso. Mas se é talentoso, o inglês também é esquisito. A história de cortar bichos, assim como a de pintar circunferências meio aleatoriamente, deram uma fama incrível ao artista. Mas fazem pensar que a vida dele (e a de quem vai ver as exposições) tem momentos difíceis.

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