Como ficou dito no último post, “O arco-íris da gravidade” é um livro tremendamente divertido. Mas, é preciso dizer, também: é um livro absolutamente doloroso em algumas passagens.
Thomas Pynchon se propôs a escrever um livro sobre a guerra. E a guerra nada mais é do que dor, devastação, crueldade.
A guerra em questão, porém, é tecnológica, também. É a Segunda Guerra Mundial. E Pynchon mostra como a tecnologia mudou também a morte.
Em alguns trechos, o livro mostra fatos da guerra que nunca mudam. Como, por exemplo, o fato de que muitas vezes os militares não são tão heroicos quanto se costumava pintar antigamente.
O livro vai fundo nas demonstrações de covardia ou até de insanidade dos combatentes. Um oficial, por exemplo, morre de uma infecção porque tem tal fetiche por uma “dominatrix” que não resiste a ter atos de coprofilia para satisfazer a seus desejos…
Mas é uma guerra tecnológica, dizia. Em um trecho, a presença da bomba atômica se faz presente. Um personagem japonês comenta que o amigo que acaba de fazer precisa ir um dia conhecer sua pequena e bela cidade. Hiroxima, diz ele.
O ponto mais discutido no livro, porém, é a invenção dos foguetes. Até a Segunda Guerra, bombas eram lançadas de aviões. Mas não existiam foguetes, nem mísseis. Isso foi uma invenção dos alemães, dos nazistas.
E os personagens, no território aliado, não têm mais o último conforto, talvez, de alguém durante uma guerra. Antes, para ser atingido, era preciso que o inimigo estivesse perto. Que se expusesse também a ser atacado. Agora, não.
Um dos personagens pensa, inclusive, quando se criam os V2, que antes, com o V1, pelo menos você ouvia o barulho antes da explosão final. Agora, isso mudou. A morte, com o novo modelo, vinha antes do baruhlo. Você nem sabia que iria morrer…
Um pensamento cruel? Bem, a guerra é assim. E, desde a Segunda Guerra, as coisas só pioraram. Ainda bem que temos escritores como Pynchon para nos lembrar o quanto isso pode ser terrível.
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