Um dos temas mais importantes com que a humanidade tem de lidar hoje (junto com meio ambiente, guerras, terrorismo, drogas etc) é saber como diminuir a pobreza. A miséria. Especialmente em países onde ela é endêmica, como na África subsaariana, no Haiti e, admitamos, em várias partes do Brasil…
Agora saiu um livro novo sobre o assunto e que tem sido bastante elogiado. “Poor economics”, que em português seria algo como “Economia dos pobres”, foi escrito por dois economistas do Massachusetts Institute of Techonology, o MIT: Abhijit Banerjee e Esther Duflo.
Os dois se recusaram a ficar em discussões teóricas daquelas que direita e esquerda amam. Será que a ajuda internacional ajuda ou atrapalha? Os pobres, se forem ajudados, saem da pobreza ou se acostumam a ganhar algo fácil? Ao invés disso, foram a campo.
E com dados de mais de 40 países, usando comparações entre sistemas diferentes de ajudas, chegaram a algumas conclusões científicas. Ou seja: baseadas em fatos reais, e não na opinião que temos sobre os pobres e como eles se comportam.
A principal conclusão do livro, segundo o Guardian, é que não existe uma “bala de prata”, um único golpe que resolva a questão. É preciso estudar cada caso de perto. E os dois chegaram também à conclusão de quem nem a esquerda nem a direita estão totalmente certos sobre o assunto.
Por um lado, a ideia da esquerda de que se você der uma ajuda os pobres vão fazer tudo certo e sair a pobreza é falsa. Eles mostram, por exemplo, muitas famílias que recusam fazer a coisa certa mesmo quando ganham os meios para isso. Recebem uma tela mosquiteira e não usam. Os filhos ganham acesso a escola gratuita, e mesmo assim não vão.
Ou seja: não é só a falta de dinheiro que limita a saída a pobreza. Há algo mais. Que, segundo os pesquisadores, tem a ver com cultura, mas principalmente com algo inerente do ser humano. Eles dão a entender que é muito fácil para alguém de classe média que tem de tudo dizer que os pobres se recusam a fazer a coisa certa.
E Banerjee dá um exemplo: para alguém na África subsaariana entender que tem de ir à escola pode ser fácil como para alguém que tem dinheiro entender que precisa parar de comer tanto doce. O difícil, nos dois casos, é fazer isso acontecer.
Segundo eles, nós, Ocidentais com tudo na mão, nos acostumamos a ter água encanada e tratada. Mas, se tivéssemos de ferver e esterilizar a água toda vez, será que faríamos tudo tão direitinho quanto esperamos que os outros façam?
Por outro lado, a teoria da direita, de que as pessoas se acomodam ao receber benefícios, também é contestada. Os economistas registram exemplos de agricultores que, quando recebem o tipo certo de ajuda, poupam, conseguem evoluir e sair de seu estado inicial, só para ficar em uma história.
Em resumo, o livro parece mais do que interessante. Parece necessário. Ainda mais em um país como o nosso.
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