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Ideia da semana – “Meu corpo, minhas regras” é uma ideia para lá de reacionária

Esses dias, na “Marcha das vadias”, uma das moças que estava por lá decidiu pintar uma frase no corpo. Imagino que era a favor do aborto. “Meu corpo, minhas regras”, dizia ela.

Ou seja: não viesse alguém dizer o que ela deveria fazer com o próprio corpo. Que, aliás, como costuma acontecer com frequência nesse tipo de evento, estava quase totalmente à mostra (esse é assunto para outro post).

O que a menina, certamente bem intencionada, não sabe, é que essa é uma ideia para lá de reacionária. É uma volta perigosa ao passado que, em última instância, pode servir de justificativa até para a escravidão.

Quem faz o alerta é o professor Roberto Romano, da Unicamp, especialista em ética. Sujeito sabido, ele lamenta que os manifestantes às vezes se esqueçam de estudar um pouco mais para saber o que estão defendendo de verdade.

Segundo ele, a defesa do corpo como posse total do indivíduo é um argumento que nos leva de volta a John Locke. E a ideia era que cada um poderia fazer o que quisesse consigo mesmo. Inclusive vender-se como escravo: quem poderia impedir.

Foi no século 18, se não estou errado, que surgiu a ideia de que você não pode fazer tudo o que quiser com seu corpinho. Há certos direitos inalienáveis. Traduzindo: coisas de que você não pode abrir mão, nem que queira.

E um desses direitos inalienáveis é a liberdade. (Tradicionalmente, a lista inclui ainda propriedade e vida.) Você não tem o direito de se vender como escravo.

Nem vou entrar muito no caso do aborto. Até porque, nesse caso, o feto não é o “corpo” da mãe. Tem outro DNA, é outra pessoa. Mas, mesmo que fosse, a menina estaria errada.

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