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Histórias de adolescentes, suas transformações e seus sonhos costumam agradar a muita gente.

Por um lado, os próprios adolescentes se interessam. Gostam de se ver retratados. Especialmente se o autor mostra uma complacência por eles, retratando os adultos como pessoas cruéis que não conseguem mais perceber a beleza da vida e acabam matando as ilusões dos mais jovens.

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Por outro lado, agradam aos adultos que sentem falta do período em que podiam ser mais irresponsáveis. Especialmente aqueles que continuam achando que ser irresponsável é o mesmo que ser livre.

John Fante escreveu um romance curtinho, chamado “1933 foi um ano ruim” que acerta em cheio o gosto desses dois públicos.

O livro, que não foi publicado durante a vida do autor, conta a história de um menino de 17 anos que tem um sonho. Quer ser jogador de beisebol. Mais: quer ser um grande jogador de beisebol.

Fante conta a história fazendo de tudo para que você simpatize pelo garoto. Ele é pobre. O pai é pedreiro. Ninguém tem respeito pelo seu sonho. Ele convive com gente mais rica e tem de enfrentar um certo sentimento de inferioridade.

E, além de tudo, é adolescente. Precisa obedecer aos pais e se virar para entender a vida como ela será dali por diante.

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O livro se passa todo no dilme do garoto de se conformar a uma vida de trabalhador (vista por ele como o fim do mundo) ou seguir uma possível carreira de jogador (o sonho).

O que transforma o livro em algo mais interessante é que Fante não deixa o dilema cair em algo simples, como seria talvez num filme hollywoodiano mais básico: aqueles onde o sonho é lindo e só não é alcançado por um obstáculo vil a ser removido.

Fante faz o contrário. Mostra que, no caso do garoto, ele teria, pelo contrário, de fazer coisas vis para chegar aonde quer. E o dilema fica mais interessante: o desejo é tudo? Vale quebrar todas as regras?

E embora Fante seja um escritor apreciado justamente pelo pessoal que diz que um sonho vale tudo, a lógica que se impõe no romance é outra. A família, o respeito pelos mais velhos, acaba se impondo e tendo de ser levado em conta.

A história do livro é simples. Algumas cenas marcam, especialmente q2uando o menino está no momento de decidir se pratica um roubo ou não.

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Talvez não seja uma obra-prima. Mas vale ler e pensar, nem que seja dez minutinhos, sobre a decisão que o garoto teve de tomar. É a mesma decisão que nós todos temos de tomar um dia…

Serviço: A L&PM, que lançou vários livros de Fante no Brasil, tem uma tradução de 1933 por Lúcia Brito. Custa só R$ 11.

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