Já mencionei aqui que Harold Bloom afirma haver quatro escritores de sua época que são “canônicos”: Philip Roth, Cormac McCarthy, Thomas Pynchon e Don DeLillo. Os quatro estão vivos, na casa dos 70 anos, e continuam produzindo.
Li coisas de todos eles. No caso de três deles, peguei as obras mais conhecidas, mesmo que longas. No caso de DeLillo, resolvi começar pelo mais curto. E talvez menos representativo. Acabei meio sem saber o que achar…
A Artista do Corpo é visto como uma “virada” na carreira de DeLillo. Antes disso, o escritor era conhecido por romances longos, panoramas da vida norte-americana contemporânea.
Escreveu, por exemplo, um romance famoso, Libra, em que conta a história de Lee Harvey Oswald, o (sempre suposto) assassino de Kennedy.
O livro que eu peguei para conhecê-lo, porém, é completamente diferente. É quase um conto longo, e poético, sobre uma mulher solitária depois da morte do marido. Ela é uma “performer” , uma “artista do corpo”, que se vê sozinha num casarão abandonado.
A primeira cena pega o leitor rápido. São poucos eventos no dia do casal. Ele e ela se esbarrando na cozinha, o jeito que eles convivem, uma descrição fragmentada de um dia típico na vida.
No segundo capítulo, ele já morreu. E começa uma insólita história de como ela, a viúva, encontra uma figura meio humana, meio não, meio inteligente, meio não, que a visita naquele casarão em que ela fica agora, sozinha.
A ideia do livro parece ser a de causar estranhamento. Como num sonho. Como numa metáfora surreal. Conheço muita gente que acha que não funciona. Eu fiquei meio em cima do muro. Michiko Kakutani, a principal crítica de literatura do New York Times, diz que é um avanço na carreira de DeLillo.
Fiquei sem saber. O fato é que comprei mais dois DeLillo “tradicionais” em sebos. Libra e Mao II. Veremos se esses empolgam mais.
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