Paul Krugman virou um ícone daquilo que os norte-americanos chamam de esquerda. Mas é preciso entender que, pelos padrões deles, Obama é de esquerda… Ou seja: a esquerda é aquilo que fica mais á esquerda do Partido Republicano, o que não é muito difícil.
Nos últimos anos, Krugman, que levou o Nobel de Economia em 2008, se transformou em um ícone não só da economia, mas também da política dos EUA. Sua coluna no New York Times é uma espécie de manifesto, com direito a publicação duas vezes por semana no mais influente jornal do mundo, sobre como um keynesiano acha que o governo deveria se comportar.
Tudo o que ele pensa sobre isso foi colocado de forma bastante didática em forma de livro. “A consciência de um liberal” é algo diferente de tratado sisudo: é um livro de convencimento, com base em fatos da ciência econômica e da história recente dos EUA. Um panfleto a favor da “esquerda”. Ou, até mais: um panfleto contra os republicanos.
O livro é totalmente parcial, claro. Mas tremendamente ilustrativo de como deveriam ser as coisas do ponto de vista de um “liberal”. Ou seja, mesmo que você não concorde, vale ver para saber como esse grupo pensa.
E, ao contrário do que ocorre aqui, os “liberais”, nesse sentido que dão lá, são intervencionistas. Uma das coisas que Krugman defende, por exemplo, é que o governo cobre mais impostos dos mais ricos.
Ele lembra que o maior herói dos Democratas, F. D. Roosevelt, durante o New Deal, aumentou tremendamente as alíquotas de Imposto de Renda dos mais abastados. Os multimilionários (os Bill Gates da vida) chegavam a pagar 91% de imposto!
Segundo Krugman, foi isso que permitiu aos Estados Unidos, nas décadas de 1940, 50 e 60 ser um país basicamente de classe média. Sem tanta disparidade social. E, mais importante, com poucos pobres.
No entanto, ele mostra no livro como, do ponto de vista dele, a política de Reagan começou a mudar isso e passou a beneficiar os mais ricos. E, cortando impostos dos mais ricos, abriu um fosso imenso entre os que têm tudo e os que nada têm.
Siga o blog no Twitter.