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Livro da semana – Comer animais

Reprodução/Internet
Jonathan Safran Foer.

Muita gente deve simpatizar com o que Jonathan Safran Foer diz que sentia. Por um lado, desde que entendeu que os pedaços de carne em seu prato exigiam que animais morressem, ele pensou que deveria ser um vegetariano. Por outro, cadê a força de vontade?

O escritor norte-americano conta que seu dilema ético causou idas e vindas em sua vinda. Uma época resolvia deixar a carne de lado, só para depois decidir que não conseguia abrir mão do bife. Até que descobriu que ia ser pai.

“Comer animais” é o livro que ele escreveu sobre o assunto. Não narra exatamente a sua conversão ao vegetarianismo (que ele decidiu fazer na marra, para poder dar o exemplo a seu filho). Mas, sim, os motivos pelos quais ele resolveu fazer isso.

O livro é praticamente um libelo, embora Safran Foer tente disfarçar isso. Um libelo contra o modo como são criados e mortos os animais comidos hoje nos Estados Unidos. Ou seja: não é um livro contra o consumo de carne, propriamente, mas contra o modelo industrial de criação e abate dos bichos.

Depois de uma breve introdução sobren o tema, Safran Foer vai a campo. E a partir daí, acompanhamos sua narração de como são criados os bichos. Peixes. Aves. Bois. E porcos. Em cada história, um motivo para deixar a carne (e os derivados) de lado.

Foer conta tudo. Desde a história da fazendeira que recebeu bichos demais e resolveu criá-los intensivamente, dando origem a um novo modelo, até como funcionam os abatedouros.

Há momentos muito, muito fortes. Como o do abate das vacas. Elas recebem um tiro de ar comprimido na testa. Um só. Muitas morrem. Outras, não. Algumas passam semidespertas pelos próprimos passos do processo (que incluem, antes de mais nada, cortar as pernas do animal).

No mar, peixes pegos e mortos à toa em redes que facilitam o processo. Nas fazendas, animais que são deixados morrendo caídos porque o tratamento seria caro, e diminuiria o lucro. Nos criadouros, pintinhos exterminados imediatamente assim que se identifica que são “do sexo errado”, e que não botarão ovos.

Esse é o mundo que Safran Foer pinta. De crueldade em crueldade, tenta mostrar que você também deveria fazer o mesmo que ele. E, por mais que isso vá contra seus instintos, desistir de comer carne.

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