William Faulkner escreveu o que talvez seja a sua obra-prima em seis semanas. E não mudou uma palavra sequer depois de terminar a primeira versão. Ou pelo menos é o que ele alegava ter feito.
“Enquanto agonizo” é um romance curto. Tem umas 200 páginas, dependendo da edição. Pelo tamanho, não espanta a rapidez da escrita. O que espanta é o tipo do texto que saiu.
O livro conta a história de uma família do interior no momento em que a mãe das cinco crianças morre. Começa com ela viva, passa pelo momento da morte e vai até depois do enterro.
Os cinco filhos e o pai se esfalfam para atender ao que seria o último desejo da falecida: ser enterrada em Jefferson, a cidadezinha maior da região.
O caminho é longo e, principalmente, difícil: eles têm de ir de carroça, atravessar pontes perigosas e fazer isso o mais rápido possível.
É uma família pobre e do interior. Um dos filhos, o mais velho, é quem faz o caixão da própria mãe. Corta as tábuas e mostra cada uma para a agonizante mãe, pela janela da casa.
O livro é tremendamente cruel. Todos os personagens têm vidas secretas e difíceis. Há abortos escondidos, enganos provocados por maldade, sofrimentos em silêncio.
E tudo isso contado de uma maneira multifacetada: cada capítulo é narrado por um personagem diferente. No total, 15 personagens se revezam na narração, cada uma com um estilo.
E em quase todo o livro há o fluxo de consciência: a tentativa de reproduzir o pensamento dos personagens da maneira mais próxima possível da realidade.
Cada capítulo tem o “jeito de pensar” de um personagem. Um deles ficou famoso por ter só cinco palavras. É quando o menino mais novo tenta descrever a mãe dele morta.
“Minha mãe é um peixe”, diz.
O livro é fantástico. Críticos elogiam de maneira entusiástica há oito décadas. E certamente vale a leitura.
Serviço:
Enquanto agonizo. A L&PM tem uma versão de bolso baratinha e bacana, que fica por R$ 10 no Submarino.
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