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O personagem de “Indignação” é bastante diferente do protagonista do livro exatamente anterior de Philip Roth, “Homem Comum”. Em “Homem Comum”, o assunto é um homem velho. Em “Indignação”, um adolescente.

O tema dos dois livros, no entanto, é parecido. Apesar da diferença de idade, os dois estão morrendo. No caso do homem sem nome de “Homem Comum”, uma morte mais longa, quase pressentida. No caso do adolescente de “Indignação”, uma morte súbita e imprevista.

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O livro tem apenas dois capítulos. Um bastante longo, que conta a maior parte da história. E um desfecho curto, que conta a história da morte do garoto, de 19 anos.

A primeira parte narra a vida comum de um garoto judeu americano. Como ele aprende a sua cultura (o pai é um açougueiro kosher); como ele entre para a universidade; como é alvo de uma família superprotetora.

O que o leitor vai descobrindo ao longo da primeira parte é que o garoto, que é o narrador da história, está contando aquilo tudo de uma situação distante.

Algumas resenhas confundiram tudo e acharam que ele conta a história já morto. Faltou ver que o nome do primeiro capítulo é “Sob morfina”. Na verdade, o garoto já está ferido (ele vai parar na Guerra da Coreia), mas está sedado. Não morreu.

E o que se vai montando ao longo desta primeira parte é um quebra-cabeças em que as coisas mais simples, que nunca pareceriam ter algum efeito dramático, vão se somando para criar a tragédia.

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A ideia é a de uma comédia de erros. O menino sai com uma garota e faz sexo. Isso o leva a certas mudanças na universidade. Isso causa outra consequência, e assim por diante.

Até que, repentinamente, todas aquelas coisas aparentemente inconsequentes, resultam no envio do garoto para a Guerra da Coreia. E, finalmente, em sua morte.

Roth, que está se aproximando dos 80 anos, tem escrito cada vez mais sobre a morte. Sempre mostrando a tragédia do homem comum enfrentando o seu destino.

Esse livro curto, na verdade mais uma novela do que um romance, mostra o autor fazendo isso de novo. E o a mesma verve de sempre.

Serviço: Indignação saiu no Brasil em tradução de Jorio Dauster pela Companhia das Letras.

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