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Livro da semana – Play it as it lays

David Shankbone/Wikimedia Commons

Joan Didion é famosa principalmente por seu livro “O ano do pensamento mágico”, de 2005. Nele, a escritora, já na casa dos setenta anos, conta o drama da perda do marido, o também escritor John Gregory Dunne, com quem tinha passado toda a vida adulta.

É um livro triste, mas, ao mesmo tempo, escrito com uma calma que só quem já chegou a certa idade e pensou muito sobre a vida pode ter. Ainda mais se também se leva em conta que a filha do casal, Quintana, estava morrendo enquanto ela escrevia o livro.

Mas há pouca coisa disponível da autora no Brasil além desse livro. Só mesmo em sebos acha-se alguma coisa. Ou trazendo de fora. E vale a pena ler mais alguma coisa dela: não é a famosa escritora de um livro só.

Um dos livros mais importantes dela se chama “Play it as it lays”. A tradução do título é difícil, mas é algo como “Jogue de acordo com as probabilidades”; é uma frase usada em cassinos, por exemplo, para quem não quer jogar “contra a maré”.

Ou seja: é sobre “ir pelo caminho que parece mais fácil”.

O livro é tão triste quanto o “Ano do pensamento mágico”. De uma tristeza melancólica, sofrida. A história é de uma bela atriz, jovem, começando a vida, e que tem que decidir sobre um aborto.

Ela está num ambiente totalmente viciado em glamour, festas, filmes, trabalho, dinheiro, coisas do gênero. E tem de lidar com essa questão profundamente humana. Mas os outros, em sua volta, não parecem estar nem aí para isso.

O livro todo, curtinho, é sobre essa decisão, sobre a convivência dela com o ambiente de futilidades, e sobre a tristeza que toma conta da atriz quando ela decide abortar a gravidez.

E o fim da história, e seu clímax, acontece com outra morte, de um dos parceiros de vida “hollywoodiana” que parece ter sido vítima da mesma melancolia que leva a personagem principal a andar dias e dias de carro sem destino pelos arredores de Los Angeles.

Um livro bonito e sério, escrito meio contra a corrente, pensando em termos éticos a vida que a gente leva, mas sem querer, em nenhum momento, ser professoral ou doutrinário.

Pena que não está traduzido para o português, até onde eu saiba. Se alguma editora se interessar, fica a dica.

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