O texto de hoje sobre o Nobel é da jornalista Cristina Rios, colega de Gazeta do Povo e grande leitora:
Ao ser perguntado sobre suas pretensões em relação ao Nobel de Literatura, certa vez Philip Roth respondeu: “Não espero nada deles e eles normalmente atendem a minha expectativa”.
É bem provável que nesse ano, em que as bolsas de apostas colocam as fichas no poeta sírio Adonis para ganhar o prêmio, o autor norte-americano seja deixado de lado mais uma vez. Uma pena.
Aos 78 anos, Roth continua a relatar com maestria o universo do homem contemporâneo, com a deterioração dos laços familiares, os abismos nas relações, a solidão, a velhice, a impotência, a depressão e a proximidade da morte.
Roth é hábil em retratar o esforço do americano de classe média em manter o ideal de normalidade e das convenções e como isso muitas vezes pode levar um homem para a beira do abismo.
Ainda que eu considere os seus livros mais antigos – como “Pastoral Americana”, “O Avesso da Vida” e “Complexo de Portnoy” – melhores do que os atuais, suas publicações mais recentes ainda guardam a mesma verve sarcástica e irônica.
Roth não dá folga para seus personagens, não há redenção possível seja qual for o caminho trilhado e, nesse sentido, ele bebe na fonte de outro gênio: William Faulkner – ganhador do Nobel em 1949.
Espero que Roth repita o feito algum dia.
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