Nunca imaginei que veria um cartaz dizendo “Deus odeia Renoir”. Mas ele existiu. Manifestantes desfilaram com esses dizeres em frente ao Museu de Belas Artes em Boston, nos Estados Unidos.
Havia outros cartazes, todos contra Renoir. “Ele pinta muito mal.” “Tirem os quadros dele.” “Terrorismo estético.” E muito mais. Parece coisa do Sensacionalista? Não é. O protesto aconteceu de verdade, e foi registrado por jornais como o Guardian.
Entrevistados, os líderes do movimento “Renoir Sucks at Painting” (algo como “Renoir Pinta Muito Mal”) disseram que não é porque ele está em museus chiques ou porque os quadros têm preço alto que ele passa a ser bom.
“Na vida real, as árvores são bonitas. se você acreditar em Renoir, vai achar que árvores são só um amontoado de rabiscos verdes”. disse um deles.
Embora tenham feito uma manifestação pública diante do museu, os odiadores de Renoir se encontram normalmente na internet. A conta de instagram do movimento tem mais de 2,4 mil seguidores. Lá, eles ficam publicando telas e explicando por que as odeiam.
Dizem que Renoir não entendia de anatomia, por exemplo, e ficam mostrando imagens de telas em que ele teria “errado” a reprodução do corpo humano.
Principal crítico de arte do Guardian, Jonathan Jones escreveu sobre o assunto em seu blog, explicando por que Renoir “não pinta mal”.
Mas, antes, fez questão de dizer que achou bacana que as pessoas não se guiem unicamente pela palavra dos “experts”, e tentem olhar para a arte com uma percepção crítica (um gentleman, esse Jones).
Depois de explicar que o impressionismo não queria esse tipo de precisão que os manifestantes exigem, que se trata de uma tentativa de ser “evocativo”, mais do que de fazer um retrato real da realidade, etc, Jones faz a crítica do protesto.
Diz ele que, embora seja interessante ver a crítica à pintura e a irreverência à arte, não custaria primeiro dar uma estudada no assunto antes.
Até porque – e isso não é do texto de Jones – as críticas ao impressionismo e ao primeiro modernismo (à arte degenerada em geral, segundo se disse por um período) já estão mais do que superadas. E o conservadorismo de querer uma volta única ao realismo seria uma volta de quase dois séculos no tempo.
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