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Les Murray, promovido recentemente a “poeta oficial” do blog, é um homem religioso, como vim a saber. É um católico praticamente, como se pode dizer. Seu último livro, “Taller when prone”, é dedicado “À glória de Deus”. Aqui, traduzo um poeminha dele comparando religião e poesia. Vejam aí:

Religiões são poemas. Eles combinam
nossa mente em vigia e os sonhos, nossas
emoções, instinto, respiração e gesto nativo

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em um só pensamento completo: poesia.
Nada é dito até ser sonhado em palavras
e nada é verdadeiro se estiver em palavras apenas.

Um poema, comparado com uma religião ordenada,
pode ser como o casamento curto de uma noite de um soldado
pelo qual viver e morrer. Mas essa é uma religião pequena.

A religião plena é o grande poema em amada repetição;
como todo poema, deve ser inexaurível e completa
com pontos onde perguntamos Mas por que o poeta fez aquilo?

Não se pode rezar uam mentira, disse Huckleberry Finn;
não se pode pô-la em verso, também. É o mesmo espelho:
móvel, insinuante, chamamos poesia,

fixado centralmente, chamamos religião,
e Deus é a poesia capturada em qualquer religião,
capturada, não presa. Pega como num espelho

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que ele atraiu, estando no mundo como a poesia
está no poema, uma lei contra seu fechamento;
Haverá sempre religião enquanto houver poesia

ou falta dela; Ambas são dadas, e intermitentes,
como a ação daquelas aves – rola-de-crista, papagaio rosella –
que voam com as asas fechadas, depois batendo, e fechadas novamente.