Há uma coisa curiosa na história da música erudita. Nem tudo soa bem a um ouvinte do século 20. Pense bem: embora tudo vá sob o mesmo nome, às vezes, como “música clássica” ou “música erudita”, por exemplo, há várias sonoridades que para nós parecem normais nessas músicas, e outras, não.
Na verdade, o que parece mais familiar para nós é a música dos séculos 18 e 19. A música do século 20 (de Stravinsky para frente) parece exótica para a maioria dos ouvintes. E a de antes do barroco, também.
Na verdade, toda a música medieval, para nós, parece soar como uma música “em formação”. E a do Renascimento, também. como se aqueles músicos, embora tivessem estilos fixos, “prontos”, estivessem, sem saber, preparando algo maior, que nós conhecemos hoje.
Isso se deve principalmente à harmonia diferente. E, eis o ponto do post, boa parte do que nós achávamos estranho foi “corrigido” pelos… holandeses.
Sim, a sonoridade que parece confortável para nós foi em boa parte criada pelos compositores flamengos durante os séculos 15 e 16.
Enquanto boa parte da Europa estava em guerra (como na Guerra dos 100 anos), os povos que viviam na região onde hoje é a Holanda estavam razoavelmente bem. E prósperos.
Isso permitiu que eles tivessem pintores maravilhosos (como van Eick) e músicos incríveis, que são menos conhecidos.
Parte do que esse pessoal fez foi estabelecer uma nova harmonia, diferente da medieval. Agora, era “malvisto” tocar quintas e oitavas paralelas. E era benvisto tocar com harmonia baseada em terças e sextas.
A mesma harmonia que criou os acordes que aprendemos nas primeiras aulas de músicas até hoje. E que são usadas até no punk rock…
Entre os compositores mais importantes dessa época estão Dufay, Ockeghem e Orlando di Lassus. Pus aí um trecho de Josquin.
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